Resenha: Eu, Robô - Café & Espadas

27 de janeiro de 2015

Resenha: Eu, Robô


Título – Eu, Robô

Título Original -  I, Robot
Autor – Isaac Asimov
Páginas – 315
Editora – Aleph

Sinopse

'Eu, robô' reúne os primeiros textos de Isaac Asimov sobre robôs, publicados entre 1940 e 1950.


São nove contos que relatam a evolução dos autômatos através do tempo, e que contêm em suas páginas, pela primeira vez, as célebres 'Três Leis da Robótica' - os princípios que regem o comportamento dos robôs e que mudaram definitivamente a percepção que se tem sobre eles na literatura e na própria ciência.





De todas as concepções tecnológicas que a mão humana pode concretizar, o robô é a que mais instiga a imaginação e desafia o nosso intelecto. Seres mecânicos, superiores aos humanos em vários atributos, mas ainda assim, criaturas. Criados para servir, proteger e acima de tudo, serem leais aos seus criadores.

Ao criar as famosas Três Leis da Robótica, o mestre Isaac Asimov abriu uma grande gama de utilidades para as suas máquinas positrônicas, ao mesmo tempo em que tentava limitar a consciência do robô, e trouxe uma nova ótica para essa relação entre homem e máquina. Mas isso, claro, explorando os seus problemas.

Eu, Robô foi publicado originalmente em 1950, e ganhou uma ótima reedição ano passado pela Editora Aleph (com tradução de Aline Storto Pereira) e trata-se de um compilado de 9 contos e mais um extra: A História por Trás dos Romances de Robôs, um texto escrito pelo próprio Asimov no qual ele expõe o porquê de os robôs caírem na graça de sua escrita, detalhes da composição deste livro e de outros posteriores que também utilizam robôs como elemento central do enredo, como As Cavernas de Aço (publicado em 1954) e O Sol Desvelado (publicado em 1957).

Todas as histórias de Eu, Robô contam com a presença imponente da doutora Susan Calvin, uma robopsicóloga – profissão que já escancara o nível de complexidade que Asimov confere aos seus robôs. Podemos dizer que essa história tem dois centros: os robôs obviamente, e a própria doutora Susan, que vivenciou toda a evolução, participou efetivamente na resolução dos problemas envolvendo as máquinas mais desenvolvidas, com a sua inteligência astuta e perspicaz, enxergando as soluções prontamente, enquanto os seus colegas – grandes matemáticos e desenvolvedores – se perdem em meio à nébula dos cálculos.

Esses contos obedecem a uma linearidade temporal, originada no surgimento dos primeiros modelos feitos pela U.S. Robots e que continua saltando alguns anos entre um conto e outro, mostrando os avanços tecnológicos e o desenvolvimento social e a interação entre os humanos e as suas “imagens-semelhança” de aço polido, mais precisamente na exploração espacial. Tudo baseado em experiências reais vividas por Susan.

O livro simula as características de um romance de formação, mostrando desde a “infância” dos robôs - onde eram máquinas mudas, restritas a funções um tanto básicas e com o cérebro fortemente ligado às Leis da Robótica - até o seu apogeu, sua maturidade, quando se tornam essenciais à sociedade e capazes de até mesmo governarem nações por meio do poder que os humanos lhes concederam.

Eu, robô veicula um panorama de futuro onde – citando o próprio Isaac - a sabedoria da sociedade não consegue acompanhar o desenvolvimento tecnológico, e isso faz com que o homem desça de “amo-senhor” para dependente, ao ponto de nada mais poder ser feito sem a presença, a ajuda e o planejamento dos robôs. 

O autor escreve cada conto de forma leve, com um toque de descontração, características únicas de autores que possuem total domínio de seu tema, e mesmo que o assunto seja um dos mais complexos e a lógica seja construída, desconstruída e reconstruída várias vezes durante a obra, a leitura é fluida e prazerosa e com uma boa carga de ciência. Não me admiraria se um leitor começasse a se interessar mais por robótica após ler esta obra.

A visão do Bom Doutor excede a descrição do robô como instrumento. Ele o humaniza, lhe dá sensibilidade e explora a bela e temível relação que é estabelecida entre homem e máquina, entre cérebro orgânico e positrônico.

Em Eu, Robô Asimov começou a abalar as estruturas da ficção científica, trouxe um novo paradigma para o futuro, uma forma menos conturbada de vislumbrar a tecnologia e seu progresso.

Essa pode não ser a obra mais celebrada do mestre, mas figura entre as mais expressivas e profundas indubitavelmente, e o ato de lê-la beira a obrigação. 


História
Escrita
Revisão
Diagramação
Capa


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