Café & Espadas

17 de fevereiro de 2015

Resenha: "O Senhor do Vento" - Contos da Revista Bang! #0

fevereiro 17, 2015 0
Resenha: "O Senhor do Vento" - Contos da Revista Bang! #0
Resenha: "O Senhor do Vento" - Contos da Revista Bang! #0


"Era uma árvore em forma humana. Na verdade, a julgar pelos detalhes, parecia mais uma escultura. Uma estátua perfeita de madeira. Cabelos e barba reproduzidos com folhas; mãos e pés feitos com minúsculos ciprestes; dedos de raízes... "

O Senhor do Vento começa, como quem não quer nada, em uma tarde pueril em algum recanto interiorano. Duas crianças - Zezinho e Emília - fazem suas traquinagens, enquanto a avó preocupada grita por eles da varanda da casa enorme, repleta de mistérios e odores nostálgicos como só um casarão antigo pode ter.

Os netos, profundamente contrariados, vão para o banho enquanto o jantar é posto à mesa. É nesse momento que Zezinho é atraído para o “quarto proibido” onde só adultos podem entrar. Lá ele encontra um cachimbo estranho, ornamentado com desenhos de pica-paus amarelos, e com um exótico poder de produzir vida...

E subitamente, o conto escrito pelo autor Gabriel Réquiem se transforma em uma viagem claustrofóbica, agoniante e sanguinolenta pelas matas do sul do Brasil durante a época da Guerra do Paraguai.

Gabriel usa uma escrita muito sintética e objetiva. As largas referências à obra de Monteiro Lobato estão espalhadas por todo o texto, não como uma fonte de alimentação, mas como um destino final, um relato que de início perturba a mente impressionável de uma criança, mas que no fim a ajuda a futuramente criar um dos universos mais belos da literatura brasileira.


A Revista Bang em sua edição Nº0 acerta na escolha do seu conto inaugural. 

Confira todo o conteúdo da revista AQUI!

11 de fevereiro de 2015

Resenha: A Música do Silêncio

fevereiro 11, 2015 0
Resenha: A Música do Silêncio
Resenha: A Música do Silêncio - Café & Espadas

Antes de começar a ler qualquer livro, eu sempre leio sinopse, orelhas, notas de editor ou autor. Em A Música do Silêncio, Patrick Rothfuss nos avisa antes da narrativa: "Talvez você não queria comprar este livro.". E então você pensa: "Hmm, jogada de marketing ou ele está falando sério mesmo?".

Ao ler a primeira orelha você vai encontrar Ursula K. Le Guin afirmando: "É um prazer raro e maravilhoso encontrar um livro de fantasia com música de verdade nas palavras.". Eu já estava querendo muito ler este livro, e depois dessas 'recomendações' eu fiquei com mais vontade ainda. É inegável o fato de que Rothfuss é um ótimo escritor, então em A Música do Silêncio não seria diferente.

E não foi, pelo contrário. Realmente as palavras dele são de uma poesia tamanha que dá inveja, de verdade. Ele consegue criar toda uma história - isso incluindo seus primeiros livros - melodiosa e fantástica sem deixar a leitura enfadonha.

Resenha: A Música do Silêncio - Café & Espadas

Em meio a belas ilustrações, A Música do Silêncio é um livro sobre Auri, a garota misteriosa que vive nos Subterrâneos da Universidade. É aqui que a conhecemos, mas não espere saber tudo sobre ela. Na verdade, somos inseridos na vida de Auri por apenas uma semana - 7 dias antes da chegada dele (Kvothe). Sete dias de descobertas e de espera. Ela precisava encontrar as três coisas perfeitas para ele.

Auri é uma personagem solitária, mas ao mesmo tempo é acompanhada por seus achados. Gosta de manter tudo em seu devido lugar, assim, todas as coisas entravam em harmonia e jamais ficariam tristes ou raivosas. Ela se assemelha muito ao Mestre Elodin. Possui um jeito peculiar de resolver seus problemas.

Este é um livro sentimental, simples, de palavras e atos puros. A inocência de Auri é algo encantador. Não queira ler A Música do Silêncio pensando em encontrar grandes acontecimentos e incríveis diálogos. Você não irá encontrar tais coisas aqui. Pois é um livro para aquelas pessoas que valorizam, e muito, a pequenez das coisas. Para aquelas que se identificam com a Auri, que sabem exatamente o que se passa com ela.

Talvez esse livro foi escrito para você.