Você que acompanha o Café &
Espadas já deve ter percebido que somos admiradores da obra de Tolkien e de
alguns outros mestres da fantasia, digamos, mais conservadores, com histórias
mais lineares, um tanto previsíveis e com personagens planos.
Mas isso não significa que não
gostamos do outro lado da moeda. O fato de A
Traição do Imperador - primeiro volume
da série Elric de Melniboné do cultuado
autor Michael Moorcock - estar no topo da nossa lista de leitura de 2015 prova isso.
Foram muitos anos de espera até a
Editora Évora - sob o seu selo Generale e em formato impresso e
digital - lançar este primeiro volume, em outubro do ano passado. E o melhor: a
editora informou que o intervalo entre as publicações dos demais volumes da
série serão curtos, apenas de alguns meses e a série será publicada na ordem
cronológica interna do enredo, e não na ordem de publicação.
Então, se você ainda não conhece
a obra de Moorcock, eis a sua chance de ser apresentado a uma das obras que
mais fazem contra ponto aos padrões da fantasia escrita na década de 70.
A história possui características
um tanto comuns à primeira vista: um príncipe guerreiro, dominador da arte da
magia, heroico, justo, fiel a um código ético impecável, que se lança em uma
jornada épica pelo seu povo ou para salvar o seu mundo. Mas tirando a espada e
a magia, nenhum desses outros adjetivos podem ser aferidos a Elric, nosso
protagonista.
A primeira quebra de paradigmas é
a sua própria fisionomia: albino, introspectivo - algo quase inconcebível em
uma época onde personagens como Conan, o bárbaro
eram os heróis ideal.
Mas quem disse que Elric é um
herói?
Ele não salva princesas, ele as mata.
Ele não destrói demônios, ele é escavo de um. Sua arma não é uma “espada
justiceira”, ela suga a alma de suas vítimas, parece ter vida própria, mata as
pessoas que Elric ama, e isso o deixa ensandecido e ao mesmo tempo mais
poderoso.
Agregando-se a isso, temos a
dualidade de Elric, sua fissão ideológica, que o divide entre servir a Lei e ao Caos, e
tal torvelinho de sua alma faz com que ele odeie os deuses de ambos os lados, e
reivindique a liberdade humana e o livre-arbítrio. Indubitavelmente um grande
anti-herói.
O que faz a sua jornada ser ainda
mais interessante é o fato de ela transcorrer em uma espécie de multiverso, com
vário “Elrics” vivendo em realidades alternativas, tempos diferentes e tomando
atitudes completamente imprevisíveis.
A obra de Moorcock possui
elementos excepcionais, um universo sombrio e um protagonista que deixa um
rastro terrível por onde passa. Uma indicação de leitura que não podíamos deixar de dar neste ano, que ainda
está só começando.
Confira a sinopse de A Traição do Imperador:
A história de 'Elric de Melniboné', o imperador albino e feiticeiro, é uma das grandes criações de fantasia moderna. Um fraco e introspectivo escravo de sua espada, Stormbringer, ele é também um herói cujas aventuras e andanças sangrentas levam-no, inevitavelmente, a intervir na guerra entre as forças da lei e do caos. Um clássico do gênero espada e feitiçaria, Elric de Melniboné é um ícone excepcional da fantasia de violência, poder, política e guerra.
Neste livro, Elric enfrentará a ameaça ao império de Melniboné e transitará entre o uso da magia e seus princípios morais, que o impedem de tomar algumas decisões. Além disso, sua amada Cymoril encontra-se em perigo, e ele não medirá esforços para salvá-la.
Pela primeira vez, a editora Generale traz para os leitores brasileiros a tradução dos textos originais da Saga de Elric de Melniboné, sendo este o primeiro livro.
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