Título Original – Heart-Shaped Box
Autor – Joe Hill
Páginas – 256
Editora – Arqueiro
Sinopse
"Vou ´vender´ o fantasma do meu padrasto pelo lance mais alto..."
Por 1.000 dólares, o roqueiro se torna o feliz proprietário do paletó de um morto, supostamente assombrado pelo espírito do antigo dono. Sempre às voltas com seus próprios fantasmas - o pai violento, as mulheres que usou e descartou, os colegas de banda que traiu -, Jude não tem medo de encarar mais um.
Mas tudo muda quando o paletó finalmente é entregue na sua casa, numa caixa preta em forma de coração. Desta vez, não se trata de uma curiosidade inofensiva nem de um fantasma imaginário. Sua presença é real e ameaçadora.
O espírito parece estar em todos os lugares, à espreita, balançando na mão cadavérica uma lâmina reluzente - verdadeira sentença de morte. O roqueiro logo descobre que o fantasma não entrou na sua vida por acaso e só sairá dela depois de se vingar. O morto é Craddock McDermott, o padrasto de uma fã que cometeu suicídio depois de ser abandonada por Jude.
Numa corrida desesperada para salvar sua vida, Jude faz as malas e cai na estrada com sua jovem namorada gótica. Durante a perseguição implacável do fantasma, o astro do rock é obrigado a enfrentar seu passado em busca de uma saída para o futuro. As verdadeiras motivações de vivos e mortos vão se revelando pouco a pouco em A estrada da noite - e nada é exatamente o que parece.
Ancorando o sobrenatural na realidade psicológica de personagens complexos e verossímeis, Joe Hill consegue um feito raro: em seu romance de estréia, já é considerado um novo mestre do suspense e do terror.
Joe Hill já conseguiu cravar
seu nome no meio dessa safra de novos autores de suspense e terror. Prova disso
é o muito bem recebido Nosferatu e a
sua obra mais badala – com direito a uma enfadonha adaptação cinematográfica – O Pacto, que funciona bem nas páginas,
mas não tanto na película.
A Estrada da Noite é o seu livro de estreia, por tanto temos um Joe
Hill novato, tentando estabelecer seus padrões de criação e, talvez, se
desvincular das influências inevitáveis do estilo narrativo de seu pai, Stephen
King.
Há quem diga que ele não
consegue romper essa ligação de uma forma plena, introduzindo em sua narrativa
muitas nuances “kingeanas” como o ritmo momentaneamente sacal e que de súbito,
acelera. Outros discordam, e acha que Joe tem sua própria assinatura e consegue
conduzir seus personagens de forma bem particular.
Lendo A Estrada da Noite podemos chegar a concordar com ambas as afirmações,
mas a opinião que agradará a gregos e troianos é a de que há um pouco de
exagero em atribuir a Joe essa alcunha de “mestre do terror”. Pelo menos não
pela autoria desta obra. Por mais que ela funcione bem e, no geral, agrade.
Judas Coyne é um astro do rock
com um passatempo muito estranho: manter uma coleção de itens bizarros,
sinistros, como um livro de receitas para canibais e um laço usado em um
enforcamento. Mas ao adquirir um item ainda mais inusitado – um paletó que traz
consigo o fantasma do seu antigo proprietário – Judas (ou Jude) está trazendo
não só uma terrível maldição para a sua própria vida, está ressuscitando seu
próprio passado, marcado por erros e culpas e que irá atormentá-lo
impiedosamente.
Esse livro traz alguns
elementos que acabaram por se tornar constantes nas obras deste autor:
personagens com vidas extraviadas, marcadas pelo uso de drogas e muita luxúria.
Joe tem a capacidade de converter esses problemas em atributos interessantes
para o desenvolvimento dos seus personagens. Isto concede a eles um pouco mais de
profundidade, mas que em boa parte do tempo não geram no leitor um sentimento
de envolvimento ou simpatia.
O tormento de Jude é narrado
com praticidade, usando de alguns flashbacks
para estabelecer os motores de todos os conflitos pessoais e psicológicos
presentes no enredo. A escrita é agradável mas como dito anteriormente, pode
fazer a continuidade dos acontecimentos cambalear um pouco. Nada muito
prejudicial.
Histórias como esta, que
envolvem objetos amaldiçoados, estão sempre presentes em várias lendas e já é
figura carimbada no cânone dos contos de terror. E em A Estrada da Noite não é
diferente - o paletó do morto é o ponto de partida de tudo. Porém esse elemento
é usado sem muita diferenciação, sem um toque particular, obedecendo ao script: o objeto desencadeia o mal, é
destruído a fim de o mal ser destruído junto, o mal persiste e o objeto some da
narrativa.
Outro pilar também muito
presente em várias outras obras de terror - ou não – e que sustenta A Estrada da Noite é a tentativa de
redenção e arrependimento. De início não há essa preocupação, o núcleo
principal de personagens só quer se livrar do problema. Mas a medida que o
entendimento do que realmente está acontecendo começa a se tornar mais claro, o
autor volta a trilhar estes caminhos, e conduz o leitor em uma leitura mista
neste ponto: o anseio em reparar o passado e se ver liberto do terror
sobrenatural. Uma fuga rápida dessa zona de conforto.
O terror é constante –
presente desde as primeiras páginas - e o leitor é introduzido rapidamente no
universo pesado onde tudo se passa. Porém podemos notar que neste livro, a
imaginação de Joe Hill ainda tinha que se desenvolver um pouco mais, talvez
atingindo o seu ápice – até o momento - em Nosferatu.
A Estrada da Noite é sobretudo um bom livro, vale a pena ser lido.
Mas repito: “mestre do terror” é um pouco de exagero.
História


Escrita

Revisão

Diagramação

Capa

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