Título – O Elo – Capítulo 1: A Coluna
Autores – Marcello Salvaggio e Valerio Oddis Jr.
Páginas – 393
Editora – Isis
Sinopse
Nesta que foi a primeira obra a ser concebida para o universo da Trissência, a trama se passa em um contexto paralelo mágico-fantasioso, sendo inicialmente centrada em três personagens que se verão envolvidos nos fluxos criativos, preservadores e transformadores de seu planeta, sentindo-os em suas almas. Diante de um portal que depende dos corações humanos, ocorrerão conflitos internos e externos, descobertas espirituais e, o fundamental, despontará a árvore que alcança os céus e possui raízes firmes na terra, a Ligação, que permanece, sólida ou num lampejo que a revela por um instante.
O eixo da trama é a Trissência, constituída por três forças cósmicas primordiais: Poder, Sabedoria e Prosperidade.
A história se inicia com a chegada de Tirésias, um vidente cego e andrógino, à ilha de Himavat, residência dos Supremos Sacerdotes Rudra e Parvati, dirigentes espirituais ocultos deste mundo paralelo. Ambos requisitaram a presença do sábio para localizar os portadores dos sahajas, os amuletos lendários que permitem aos que os possuem canalizar a essência trina. Os protagonistas Erik Donar, um mercenário, Sofia Simurg, uma maga, e Aido, o protetor de seu vilarejo em um “mar de árvores”, logo receberão sobre si os olhos do cego...
Autores – Marcello Salvaggio e Valerio Oddis Jr.
Páginas – 393
Editora – Isis
Sinopse
Nesta que foi a primeira obra a ser concebida para o universo da Trissência, a trama se passa em um contexto paralelo mágico-fantasioso, sendo inicialmente centrada em três personagens que se verão envolvidos nos fluxos criativos, preservadores e transformadores de seu planeta, sentindo-os em suas almas. Diante de um portal que depende dos corações humanos, ocorrerão conflitos internos e externos, descobertas espirituais e, o fundamental, despontará a árvore que alcança os céus e possui raízes firmes na terra, a Ligação, que permanece, sólida ou num lampejo que a revela por um instante.
O eixo da trama é a Trissência, constituída por três forças cósmicas primordiais: Poder, Sabedoria e Prosperidade.
A história se inicia com a chegada de Tirésias, um vidente cego e andrógino, à ilha de Himavat, residência dos Supremos Sacerdotes Rudra e Parvati, dirigentes espirituais ocultos deste mundo paralelo. Ambos requisitaram a presença do sábio para localizar os portadores dos sahajas, os amuletos lendários que permitem aos que os possuem canalizar a essência trina. Os protagonistas Erik Donar, um mercenário, Sofia Simurg, uma maga, e Aido, o protetor de seu vilarejo em um “mar de árvores”, logo receberão sobre si os olhos do cego...
Recentemente escrevi, na nossa
sessão Conversas de Taberna, um texto
que falava sobre a literatura de fantasia nacional. Sobre os rumos que ela está
tomando aqui na terra brasilis, a
força que vem ganhando, a qualidade das obras, o seu nível de amadurecimento e
o nível crítico dos leitores brasileiros, que ainda não é lá dos melhores.
Lembro que, sobre a qualidade
das obras, falei de que temos ótimos escritores com histórias em potencial, mas
que em um cenário geral, precisam de um certo amadurecimento em vários
sentidos. Lembro também que no momento em que eu estava escrevendo o dito cujo,
procurei algum livro que pudesse usar como referência e dizer “Se possível,
sigam esse exemplo...”. Infelizmente, só fui encontrar essa obra um pouco
depois de ter inserido o último ponto final na minha dissertação.
Fui apresentado a uma obra
fantástica, original e (melhor de tudo) nacional intitulada O Elo, escrita pelos talentosos Marcello
Salvaggio e Valerio Oddis Jr.
Eles fizeram com que a minha
visão sobre a capacidade dos autores nacionais se ampliasse ainda mais,
mostrando que é possível casar a fantasia com temas reais e coniventes com as
nossas ideologias atuais e estilo de vida. Claro que o livro não é cem por
cento perfeito, como vou comentar no continuar dessa resenha; mas o conjunto da
obra é um feito notável e ousado, e a sua leitura é recompensadora.
O Elo – Capítulo I: A Coluna nos leva para um mundo onde o
medievalismo convive diretamente com a modernidade. Em determinadas partes da
narrativa vemos exércitos onde soldados equipados com espadas e lanças dividem
as fileiras com robôs guerreiros e tanques de guerra sofisticados. Toda essa
tecnologia é dominada e gerada pelo império de Mammon que domina grande parte
do território global. Nesse primeiro volume temos foco em três protagonistas:
Erick Donar, um ex-gladiador que se tornou um importante guerreiro mercenário
ao lado de Lohengrin, um mentor de uma nova doutrina antropocêntrica; Sofia
Simurg, uma poderosa maga ‘quase’ imortal; Aido, um guerreiro virtuoso e
humanitário que insiste em não matar os oponentes ao mesmo tempo em que tem que
cumprir com o seu dever de proteger seu vilarejo de ataques constantes do
império mammonita.
Durante a narrativa, as três
histórias se desenvolvem sem nenhum tipo de ligação. E segue dessa forma
durante todo esse primeiro volume. Ou seja, os protagonistas não se encontram
ou interagem, o que possivelmente foi deixado para o segundo volume O Relâmpago.
Os paralelos entre o nosso
mundo e o universo da Trissência são inúmeros. Podemos notar desde culturas e
filosofias (orientais e ocidentais) até períodos da nossa história
como a Revolução Industrial, A Idade das Trevas e o Iluminismo. E foi nesse
ponto que essa obra me surpreendeu de uma forma totalmente inesperada.
A primeira surpresa (para não dizer baque): a
escrita. Bem rebuscada, o que sempre deixa a leitura um pouco mais lenta. Mas a
condução de narrativa é cativante, com belas descrições de cenários e criaturas
surreais. Ora frenética, com cenas de batalhas sangrentas e cruéis, ora morna,
dando destaque aos diálogos soberbos e maduros, onde os personagens expõem seus
medos e suas dualidades; e é por meio deles que os autores explanam sobre temas
polêmicos e que merecem serem discutidos sempre, como filosofia, política e
religião.
E o mais importante é que em
nenhum momento há uma afirmação de que tal forma de pensar, ou tal forma de
governo é a correta. Os autores simplesmente explanam, demonstram a ideia
básica e se aprofundam um pouco, mas não ao ponto de fazer o leitor achar que
está sendo persuadido a concordar com o que está lendo. E isso não vemos em
qualquer obra e, diga-se de passagem, também não é todo autor que tem
maturidade para desenvolver esse tipo de narrativa, que não serve só para o
entretenimento, mas também coloca o leitor para pensar, ir além da leitura da
obra e procurar saber mais sobre tudo o que é mostrado.
Outra surpresa: a aparente
ausência de preocupação dos autores (e diria até da editora) em fazer uma
edição nos moldes, digamos, mais aderentes ao comercial. Sem apêndices,
glossários, ilustrações ou mapas. Mesmo o universo da Trissência sendo rico,
vasto e repleto de povos, culturas, governos, costumes e seres mitológicos, o
máximo que encontraremos são notas no meio da narrativa falando mais sobre uma
religião ou outro elemento da história. Isso me desagradou um pouco, pois
algumas (como uma nota enorme sobre a religião cainita) são postas bem no meio
de um momento importante do desenrolar da história, atrapalhando o andamento e
quase forçando o leitor a “pular” ou voltar para ler depois. Entenda, não
desaprovo o fato de não haver anexos explicativos na obra, somente o local onde
essa notas foram incluídas. A obra é tão bem construída e provida de debates e
exposições de cosmovisões que realmente não carece desse tipo de artifícios.
Aproveitando a deixa, deixe-me
falar sobre a edição. Bem simples, porém não muito trabalhada. A Capa não me
agradou muito, achei um pouco espalhafatosa e não condiz com a obra em si. Somado a isso temos a estranha divisão do
livro: um prelúdio, um prólogo muito extenso (69 páginas!) e três atos,
subdivididos em episódios (capítulos). É o caso de um ótimo conteúdo mal
embalado. Seria ótimo ver esse livro publicado por uma outra editora, que
mantivesse essa essência “fora dos padrões” dos livros de fantasia em geral,
mas que investisse mais em coisas básicas como uma capa e uma melhor
diagramação.
Esse primeiro volume deixa
muita coisa no ar. Por exemplo, as tais Sahajas
mencionadas na sinopse do livro não são mostradas nesse primeiro volume,
e o final (meio estranho e aparentemente desconexo) deixa uma tensão grave para
o segundo volume. Portanto, se você, leitor, realmente mergulhar nessa
história como eu mergulhei, a leitura do segundo volume será uma necessidade
absoluta.
Sei que me prolonguei nessa
resenha, mas acredite, esse livro deve ser lido. Independentemente de sua
religião, linha filosófica ou ideologia política. É simplesmente brilhante a
forma como os autores englobaram a fantasia com todos esses elementos que, ao
mesmo tempo em que são tão negligenciados pela grande massa, são tão essenciais
e devem sim ser discutidos em uma sociedade séria. Mas se você é do tipo de
pessoa que acha que “religião e política não se discute” então com certeza esse
livro vai ser maçante e cansativo. Então pense bem antes de se aventurar pelo
continente de Maya e seus reinos.
Obra mais que recomendada.
Revisão
Diagramação
História
Escrita
Revisão
Diagramação
Capa
Olá, Bruno, primeiramente agradecemos pela ótima resenha.
ResponderExcluirA intenção com este livro foi justamente essa, unir reflexão e entretenimento em uma narrativa que fugisse um pouco dos moldes convencionais. No meu caso em particular, um dos meus modelos principais foi “Duna”, enquanto que muitos autores de fantasia tomam como base “O Senhor dos Anéis.”
Você tem razão, muitos elementos foram deixados em suspenso para o volume seguinte, como o encontro entre os protagonistas e a aparição dos sahajas.
Este foi o primeiro livro que escrevi com meu amigo e parceiro de criação Valerio Oddis Jr para o universo da Trissência e também meu primeiro trabalho na ficção como um todo. Portanto, ainda tenho um carinho especial por ele.
Sobre os anexos, futuramente, na próxima edição, procuraremos analisar essa questão e colocá-los talvez como um apêndice para evitar interrupções na narrativa. Este me pareceu um dos pontos interessantes que você apontou para o aprimoramento da obra.
Enfim, já havia lido outras resenhas suas, inclusive uma sobre Azincourt do Bernard Cornwell que gostei muito. Parabéns pelo trabalho!
Primeiramente, parabéns pelo seu livro. Não só pelo "O Elo", mas toda a obra do Universo da Trissência, que me parece ser bem interessante como um todo, e tão bom quanto o que resenhei.
ExcluirQue bom que você gostou da resenha. O livro realmente me agradou muito, e em breve vou adquirir o segundo volume, e farei e publicarei uma resenha sobre ele também.
Sobre o que falei com relação a edição foi realmente só pontos em que eu achei que a obra poderia ser melhorada, mas só com relação a edição mesmo, pois o conteúdo já está ótimo!
Obrigado pelo comentário e parabéns para você e para o Valerio Oddis pelo excelente trabalho.
Abraço!
Olá.
ExcluirBom se autor usa como modelo Duna, já está mais do que recomendado pois é um dos meus livro preferidos. Parabéns pela resenha, você passa empolgação pelo livro, sem deixar de questionar o que não lhe agrada.
Como fantasia é de longe meu estilo favorito este já entra na minha lista.
Abraço
Olá Fê.
ExcluirQue bom que você gostou da resenha.
Realmente esse livro foi uma agradável surpresa. Recomendo mesmo a leitura e espero o quanto antes ter o segundo volume em mãos. Para saber mais sobre as outras obras do autor e onde comprar o livro, recomendo esse blog: http://www.trissencia.com/
Esse já está no topo de honra da minha estante (estante ainda que não tenho, mas quando eu comprar, ele vai estar com certeza!)
Grande abraço! E parabéns pelo seu blog "Fala Urupês?", muito bacana e já curti a página dele no facebook.
Até mais =)