Resenha: Vinte Mil Léguas Submarinas - Café & Espadas

8 de fevereiro de 2014

Resenha: Vinte Mil Léguas Submarinas

Título – Vinte mil léguas submarinas
Título Original – Vingt mille lieues sous les mers
Autor – Julio Verne
Páginas – 398
Editora – Martin Claret

Sinopse



Era 1866 e estranhos boatos alarmavam os habitantes dos portos e provocavam a curiosidade pública: diversos navios haviam cruzado, nos mares e oceanos, com um objeto longo, fusiforme, às vezes fosforescente, infinitamente maior e mais veloz que uma baleia.

Os navegantes começavam a temer a estranha criatura marinha, que já havia danificado diversos navios.




É com esse tom de mistério, um tanto que sobrenatural, que começa a narrativa de uma das principais obras de Julio Verne.

Vinte Mil Léguas Submarinas conta a história do Professor Aronnax, um professor quadragenário de história natural do Museu de Paris, especialista em mineralogia, botânica, zoologia e possui vastos conhecimentos em ictiologia. Todos os acontecimentos são narrados por ele, em primeira pessoa.

Tudo começa quando ele é convidado por J.B Honson, secretário da marinha americana, para participar da expedição da Abraão Lincoln, a fragata mais rápida da marinha americana. Essa expedição tinha por objetivo solucionar o caso do suposto narval gigante (unicórnio marinho), que já havia danificado muitas embarcações pelos sete mares. Movido pela sua curiosidade de cientista, Aronnax aceita participar e embarca junto com seu fiel criado, um jovem que atende pelo apelido de Conselho, e é simplesmente um gênio em classificar cientificamente todos os animais que vê pela frente. Dentro da fragata Abraão Lincoln eles conhecem um arpoador canadense de personalidade forte e pavio curto chamado Ned Land, experiente na caça de baleias e outros animais marinhos.

No começo da história, após vários dias de viagem sem nem um contato com o suposto monstro marinho, eles finalmente avistam ao longe o que seria o tal narval gigante. Mas logo a embarcação é danificada pelo “animal”, e no choque, Aronnax, Conselho e Ned Land são arremessados no mar e deixados à deriva pela tripulação da Abraão Lincoln.

Logo após isso, eles são resgatados por uma embarcação misteriosa, de um formato e tecnologia que eles nunca haviam visto antes. Eles também percebem que aquilo se tratava do suposto narval que eles estavam perseguindo antes, que na verdade é um submarino chamado Náutilo, projetado, construído e comandado pelo mais enigmático personagem da história: o Capitão Nemo.

Eles são feitos prisioneiros dentro da embarcação e condenados pelo Capitão Nemo a nunca mais regressarem para a terra firme, mas poderiam desfrutar de total liberdade dentro das dependências do submarino e de qualquer expedição feita pela tripulação no fundo do mar. Os encantos da incrível viagem seduzem Aronnax e Conselho, mas desperta também a fúria de Ned Land, que deseja a todo custo fugir do Náutilo.

Julio Verne era um autor que tinha uma imaginação bem a frente do seu tempo. Suas obras são a maior prova disso, pois muitas das invenções descritas nelas, como televisão, bomba atômica e foguetes espaciais, só vieram a ser construídas décadas depois. Além disso, sua escrita é cativante e muito rica em detalhes, e mesmo nunca tendo saído da França, ele descreve com precisão mares, climas, fauna e flora de todas as partes do mundo; o que indica um profundo trabalho de pesquisa como plano de fundo da obra.

“Vinte Mil Léguas Submarinas” possui uma linguagem um pouco mais rebuscada, repleta de termos científicos e descrições de animais e lugares submarinos, o que em determinados momentos pode deixar a leitura um pouco maçante, mas nada que comprometa a narrativa e a dissertação sobre alguns temas abordados pelo autor, como vingança, remorso, lealdade, amizade e como o sofrimento causado pela perca da família pode gerar os sentimentos mais terríveis e levar um homem pacífico a tomar as atitudes mais extremas.

Os personagens são muito bem construídos e cativantes. Aronnax, com sua inteligência, sabedoria e curiosidade insaciável. Ned Land, que no começo da história aparenta ser um personagem secundário, rende momentos engraçados e ótimos diálogos com o Professor Aronnax. O jovem Conselho possui uma lealdade a Aronnax que dificilmente se vê por aí, e toda essa lealdade é retribuída a altura pelo seu “patrão”.

Já o Capitão Nemo é um grande ponto de interrogação durante todo livro. Por que e para que ele construiu uma embarcação do porte do Náutilo? O que leva um homem a simplesmente cortar todas as relações com a terra e seus habitantes, a ponto de tirar tudo que necessita somente do mar, sem precisar voltar a pisar em terra firme para fazer nenhum tipo de reabastecimento? Todas essas perguntas são respondidas no final trágico da história, e o destino do Capitão Nemo continua, e sempre continuará um mistério.

Pra quem gosta de ficção científica esse livro, assim como todos os outros de Julio Verne, é uma leitura quase que obrigatória, pois é um precursor desse tipo de literatura, além de ser uma ótima história e muito bem contada.

Essa edição é simples, possui algumas gravuras e capítulos pequenos. Existem em algumas livrarias edições lindas, maiores, com mais gravuras e capa dura. Recomendo a todos a leitura dessa obra. 

História
Escrita

Revisão

Diagramação

Capa

Um comentário:

  1. Júlio Verne é essencial para quem gosta de ficção científica. Junto com H. G. Wells funda a FC. Eles são os pais, enquanto a Mary Shelley é a mãe com o "Frankenstein ou o Prometeu moderno". Eles no fim do século XIX e ela no ínicio. "Vinte mil léguas submarinas" é essencial para o apreciadores de FC. Júlio Verne com certeza era um grande visionário, antecipador de diversos instrumentos tecnológicos da modernidade. Um leitor iniciante pode estranhar um pouco a linguagem, muito embora deva persistir na leitura uma vez que o ganho cultural é imenso.

    Jean

    ResponderExcluir