Resenha: Lobos de Calla - A Torre Negra V - Café & Espadas

27 de outubro de 2014

Resenha: Lobos de Calla - A Torre Negra V


Título – Lobos de Calla
Título Original – The Dark Tower V: Wolves of the Calla
Autor – Stephen King
Páginas – 923
Editora – Ponto de Leitura

Sinopse

Depois de escapar das entranhas de Blaine e do vingativo feiticeiro Randall Flagg, Roland e seu ka-tet retornam o Caminho do Feixe de Luz, neste quinto volume da série A Torre Negra.

Nas fronteiras do Mundo Médio, os pistoleiros são abordados por habitantes de Calla Bryn Sturgis. Dali a menos de um mês, Calla será atacada pelos Lobos – cavaleiros mascarados que surgem uma vez a cada geração para roubar metade das crianças; meses depois elas são devolvidas física e mentalmente incapacitadas.

Enquanto isso, na nova York de 1977, uma corporação planeja atacar o terreno baldio na esquina da Segunda Avenida com a rua Quarenta e Seis, onde floresce uma rosa – na verdade, a Rosa, manifestação da Torre Negra no mundo atual.

Em uma tarefa aparentemente impossível, Roland e seu grupo precisarão, ao mesmo tempo, salvar a Rosa e combater os Lobos. O êxito depende da ajuda do Treze Preto, o mais poderoso dos Globos do Mago e o próprio olho do Rei Rubro. Mas, para salvar o mundo do caos, os pistoleiros terão de aprender a confiar nesse objeto sinistro e traiçoeiro.

Já faz um bom tempo – mas um bom tempo mesmo – desde que postei a resenha do espetacular Mago e Vidro, o quarto volume da saga Torre Negra.  Não foi por desleixo ou por falta de empolgação com a série em si, mas somente a velha é péssima falta de tempo - e outros compromissos com parcerias...

Mas depois de tantas voltas, retornei ao Mundo Médio, reencontrei Roland de Gilead e o seu ka-tet envoltos em uma história que não possui a mesma intensidade dos dois melhores volumes da saga – o primeiro e o quarto, na minha singela opinião.

Lobos de Calla contém em sua transcorrência algumas trilhas de enredo bem interessantes, novos personagens e paisagens para a sua narrativa e um grupo de protagonistas que tem que dividir a sua atenção entre dois objetivos principais: salvar um povo que é continuamente atormentado por misteriosos sequestradores e proteger a Rosa que brota em um terreno baldio em Nova York e é a manifestação da Torre no nosso mundo.

Calla Bryn Sturgis é um lugarejo pacato, morno, que abriga um povo que vive principalmente da pecuária e da lavoura do arroz, algo muito comum em todo o chamado “mundo exterior”. Calla é uma perfeita ambientação da atmosfera do selvagem velho oeste americano. Essa referência desponta com mais intensidade nesses dois últimos volumes, e ficou tão bem incorporada por Stephen King neste quinto livro quanto em Mago e Vidro.

Roland, Eddie, Susannah, Jake e Oi seguem sua missão, e prosseguem pelo Caminho do Feixe de Luz. Até que são interceptados por um grupo de moradores oriundos de Calla.

O grupo – liderado pelo padre Callahan, que é mais um “transportado” de nova York - pede ajuda ao ka-tet, que eles livrem a sua terra de um mal que os assola por gerações: cavaleiros mascarados, munidos de armas extremamente letais e que seqüestram uma criança de cada par de gêmeos existente na cidade.

Se somente com isso, a situação já é desesperadora, imagine levando em consideração o fato de que a esmagadora maioria dos nascimentos que ocorrem em Calla é de irmãos gêmeos.

E há um agravante: as crianças sequestradas são devolvidas meses depois, porém voltam de uma forma que eles chamam de roont, com suas capacidades mentais comprometidas e com um crescimento corporal descontrolado e anormal, fazendo que com que elas não tenham tanto tempo de vida após a devolução.

Sendo assim, o grupo vai para a pacata Calla, e lá irão se deparar com situações muito mais sombrias que os tais Lobos.

Como falei anteriormente, Lobos de Calla não conseguiu reproduzir ou ampliar a qualidade vista no volume anterior. Há sim algumas passagens um tanto maçantes, principalmente pelo fato de essa história ser composta de histórias: boa parte da obra se trata de narrações feitas por alguns personagens explicando o seu passado, a fim de ajudar o pistoleiro na sua missão; e algumas não são tão boas assim, mas contribuem para a trama central e para o entendimento da natureza da Torre.

Vários acontecimentos orbitam essa linha central e os dois que mais se destacam são a gravidez de Susannah e a relação entre Roland e o Treze Preto. E são essas duas tramas paralelas, unidas com a luta e resistência do folken de Calla ao lado dos nossos protagonistas, que fazem com que o livro não se perca por completo, e o torna uma obra muito relevante e que no fim satisfaz.

Susannah esta grávida. Isto já não é mais novidade para quem vem acompanhando a série. Mas a dúvida que persiste é: o filho que está sendo gerado em seu ventre é de Eddie ou de outra criatura? Um demônio, talvez? E tudo fica ainda mais conturbado para o grupo quando um novo alter ego surge e gradativamente se apodera da mente e do corpo da nossa pistoleira, se intitulando a mãe do “chapinha”. Essas perguntas ficam pairando e ameaçando os planos de combate dos pistoleiros até o último e derradeiro momento – literalmente! – e o desfecho pode acabar por desmantelar todo o ka-tet. Com tudo isso, Roland se vê diante de um velho e sofrível dilema: até que ponto pode chegar a sua obsessão pela Torre Negra.

Além disso, ele se depara com o Treze Preto, a esfera mais poderosa e perigosa do Arco-Íris do Mago, e o olho do próprio Rei Rubro.

Esse olho tem o poder de abrir uma porta que funciona como as que trouxeram Eddie e Susannah, e o pistoleiro irá usar isso para proteger a rosa em nosso mundo. Porém isso tem um custo alto, e esse artefato é uma das poucas coisas existentes que gera um medo profundo no coração Roland.

Mas a narrativa não traz somente isso, e podemos perceber uma grande evolução de Eddie, Jake – destes dois principalmente - e Susannah, que estão cada vez mais independentes de Roland. Isso é um ponto positivo e negativo simultaneamente: cada um do trio de Nova York começa a se encontrar, se enxergar mais ainda como pistoleiros, sem a necessidade de que Roland faça isso por eles.

Isso faz com que cada um enfrente problemas individualmente, e por mais que haja uma coesão entre eles, os segredos começam a surgir e ameaçam a unidade do grupo. Pela primeira vez, podemos ver o ka-tet em um princípio de ruptura. Mas não vou adiantar nada para não estragar o desfecho.

A batalha contra os Lobos – que por um momento achei que não iria ocorrer neste volume, ficando para o próximo – é emocionante, e incrementa as últimas cem páginas da narrativa, que são as mais frenéticas e reveladoras de todo o volume. Os tais “cinco minutos de tiroteio” são descritos de forma direta, impactante, no melhor estilo do autor.

As referências estão mais presentes e marcantes, e usam, por exemplo, até mesmo outras obras do próprio Stephen, como o romance A Hora do Vampiro, e sua profunda ligação com Callaham. Isso abre um leque amplo de teorias para todos os fãs não só de Torre Negra, mas de toda a obra de King.
Com algumas falhas, mas muito instigante e com uma tensão tremenda para A Canção de Susannah. Assim é Lobos de Calla. Essencial para quem acompanha a série desde o começo e para os que querem entender ainda mais os mistérios do Mundo Médio, e os terrores que vêm do Trovão.

O livro é muito bom, mantêm as qualidades narrativas que já são características fixas da série como um todo, uma escrita engenhosa, personagens memoráveis e um enredo complexo e cheio de reviravoltas.

E deixo a dica de sempre: se você ainda não leu nenhum livro da Torre Negra deixe este de lado e comece pelo primeiro volume. Se você já vem acompanhando a saga livro após livro e, assim como eu, está cheio de interrogações sobre tudo que circunda a jornada de Roland, posso afirmar que Lobos de Calla traz resposta para somente algumas, ao mesmo tempo que semeia várias outras na cabeça do leitor. Logo, a sua leitura é essencial.

A Torre está cada vez mais próxima, e se tem algo que podemos concluir no fim da leitura deste quinto livro é isto: a jornada já está culminando para o seu fim, e brevemente Roland terá de encarar seus desafios mais difíceis e as consequências mais duras de todas as suas escolhas.

Recomendo a leitura.

História
Escrita
Revisão
Diagramação
Capa

Nenhum comentário:

Postar um comentário