Título – Lobos de Calla
Título Original – The Dark Tower V: Wolves of the Calla
Autor – Stephen King
Páginas – 923
Editora – Ponto de Leitura
Sinopse
Depois de escapar das entranhas de Blaine e do vingativo feiticeiro Randall Flagg, Roland e seu ka-tet retornam o Caminho do Feixe de Luz, neste quinto volume da série A Torre Negra.
Nas fronteiras do Mundo Médio, os pistoleiros são abordados por habitantes de Calla Bryn Sturgis. Dali a menos de um mês, Calla será atacada pelos Lobos – cavaleiros mascarados que surgem uma vez a cada geração para roubar metade das crianças; meses depois elas são devolvidas física e mentalmente incapacitadas.
Enquanto isso, na nova York de 1977, uma corporação planeja atacar o terreno baldio na esquina da Segunda Avenida com a rua Quarenta e Seis, onde floresce uma rosa – na verdade, a Rosa, manifestação da Torre Negra no mundo atual.
Em uma tarefa aparentemente impossível, Roland e seu grupo precisarão, ao mesmo tempo, salvar a Rosa e combater os Lobos. O êxito depende da ajuda do Treze Preto, o mais poderoso dos Globos do Mago e o próprio olho do Rei Rubro. Mas, para salvar o mundo do caos, os pistoleiros terão de aprender a confiar nesse objeto sinistro e traiçoeiro.
Já
faz um bom tempo – mas um bom tempo mesmo – desde que postei a resenha do
espetacular Mago e Vidro, o quarto
volume da saga Torre Negra. Não foi por desleixo ou por falta de
empolgação com a série em si, mas somente a velha é péssima falta de tempo - e
outros compromissos com parcerias...
Mas
depois de tantas voltas, retornei ao Mundo Médio, reencontrei Roland de Gilead
e o seu ka-tet envoltos em uma
história que não possui a mesma intensidade dos dois melhores volumes da saga –
o primeiro e o quarto, na minha singela opinião.
Lobos de Calla contém em sua
transcorrência algumas trilhas de enredo bem interessantes, novos personagens e
paisagens para a sua narrativa e um grupo de protagonistas que tem que dividir
a sua atenção entre dois objetivos principais: salvar um povo que é
continuamente atormentado por misteriosos sequestradores e proteger a Rosa que
brota em um terreno baldio em Nova York e é a manifestação da Torre no nosso
mundo.
Calla
Bryn Sturgis é um lugarejo pacato, morno, que abriga um povo que vive
principalmente da pecuária e da lavoura do arroz, algo muito comum em todo o
chamado “mundo exterior”. Calla é uma perfeita ambientação da atmosfera do
selvagem velho oeste americano. Essa referência desponta com mais intensidade
nesses dois últimos volumes, e ficou tão bem incorporada por Stephen King neste
quinto livro quanto em Mago e Vidro.
Roland,
Eddie, Susannah, Jake e Oi seguem sua missão, e prosseguem pelo Caminho do
Feixe de Luz. Até que são interceptados por um grupo de moradores oriundos de
Calla.
O
grupo – liderado pelo padre Callahan, que é mais um “transportado” de nova York
- pede ajuda ao ka-tet, que eles
livrem a sua terra de um mal que os assola por gerações: cavaleiros mascarados,
munidos de armas extremamente letais e que seqüestram uma criança de cada par
de gêmeos existente na cidade.
Se somente
com isso, a situação já é desesperadora, imagine levando em consideração o fato
de que a esmagadora maioria dos nascimentos que ocorrem em Calla é de irmãos gêmeos.
E há
um agravante: as crianças sequestradas são devolvidas meses depois, porém
voltam de uma forma que eles chamam de roont,
com suas capacidades mentais comprometidas e com um crescimento corporal
descontrolado e anormal, fazendo que com que elas não tenham tanto tempo de
vida após a devolução.
Sendo
assim, o grupo vai para a pacata Calla, e lá irão se deparar com situações
muito mais sombrias que os tais Lobos.
Como
falei anteriormente, Lobos de Calla
não conseguiu reproduzir ou ampliar a qualidade vista no volume anterior. Há
sim algumas passagens um tanto maçantes, principalmente pelo fato de essa
história ser composta de histórias: boa parte da obra se trata de narrações
feitas por alguns personagens explicando o seu passado, a fim de ajudar o
pistoleiro na sua missão; e algumas não são tão boas assim, mas contribuem para
a trama central e para o entendimento da natureza da Torre.
Vários
acontecimentos orbitam essa linha central e os dois que mais se destacam são a
gravidez de Susannah e a relação entre Roland e o Treze Preto. E são essas duas
tramas paralelas, unidas com a luta e resistência do folken de Calla ao lado dos nossos protagonistas, que fazem com que
o livro não se perca por completo, e o torna uma obra muito relevante e que no
fim satisfaz.
Susannah
esta grávida. Isto já não é mais novidade para quem vem acompanhando a série.
Mas a dúvida que persiste é: o filho que está sendo gerado em seu ventre é de
Eddie ou de outra criatura? Um demônio, talvez? E tudo fica ainda mais
conturbado para o grupo quando um novo alter ego surge e gradativamente se
apodera da mente e do corpo da nossa pistoleira, se intitulando a mãe do “chapinha”.
Essas perguntas ficam pairando e ameaçando os planos de combate dos pistoleiros
até o último e derradeiro momento – literalmente! – e o desfecho pode acabar
por desmantelar todo o ka-tet. Com
tudo isso, Roland se vê diante de um velho e sofrível dilema: até que ponto
pode chegar a sua obsessão pela Torre Negra.
Além
disso, ele se depara com o Treze Preto, a esfera mais poderosa e perigosa do Arco-Íris
do Mago, e o olho do próprio Rei Rubro.
Esse
olho tem o poder de abrir uma porta que funciona como as que trouxeram Eddie e
Susannah, e o pistoleiro irá usar isso para proteger a rosa em nosso mundo.
Porém isso tem um custo alto, e esse artefato é uma das poucas coisas
existentes que gera um medo profundo no coração Roland.
Mas
a narrativa não traz somente isso, e podemos perceber uma grande evolução de
Eddie, Jake – destes dois principalmente - e Susannah, que estão cada vez mais
independentes de Roland. Isso é um ponto positivo e negativo simultaneamente:
cada um do trio de Nova York começa a se encontrar, se enxergar mais ainda como
pistoleiros, sem a necessidade de que Roland faça isso por eles.
Isso
faz com que cada um enfrente problemas individualmente, e por mais que haja uma
coesão entre eles, os segredos começam a surgir e ameaçam a unidade do grupo.
Pela primeira vez, podemos ver o ka-tet
em um princípio de ruptura. Mas não vou adiantar nada para não estragar o
desfecho.
A
batalha contra os Lobos – que por um momento achei que não iria ocorrer neste
volume, ficando para o próximo – é emocionante, e incrementa as últimas cem páginas
da narrativa, que são as mais frenéticas e reveladoras de todo o volume. Os
tais “cinco minutos de tiroteio” são descritos de forma direta, impactante, no
melhor estilo do autor.
As
referências estão mais presentes e marcantes, e usam, por exemplo, até mesmo
outras obras do próprio Stephen, como o romance A Hora do Vampiro, e sua profunda ligação com Callaham. Isso abre
um leque amplo de teorias para todos os fãs não só de Torre Negra, mas de toda a obra de King.
Com
algumas falhas, mas muito instigante e com uma tensão tremenda para A Canção de Susannah. Assim é Lobos de Calla. Essencial para quem
acompanha a série desde o começo e para os que querem entender ainda mais os
mistérios do Mundo Médio, e os terrores que vêm do Trovão.
O
livro é muito bom, mantêm as qualidades narrativas que já são características
fixas da série como um todo, uma escrita engenhosa, personagens memoráveis e um
enredo complexo e cheio de reviravoltas.
E
deixo a dica de sempre: se você ainda não leu nenhum livro da Torre Negra deixe este de lado e comece
pelo primeiro volume. Se você já vem acompanhando a saga livro após livro e,
assim como eu, está cheio de interrogações sobre tudo que circunda a jornada de
Roland, posso afirmar que Lobos de Calla
traz resposta para somente algumas, ao mesmo tempo que semeia várias outras na
cabeça do leitor. Logo, a sua leitura é essencial.
A
Torre está cada vez mais próxima, e se tem algo que podemos concluir no fim da
leitura deste quinto livro é isto: a jornada já está culminando para o seu fim,
e brevemente Roland terá de encarar seus desafios mais difíceis e as
consequências mais duras de todas as suas escolhas.
Recomendo
a leitura.
História

Escrita

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