Hoje vamos falar de dois assuntos
que, particularmente, sempre me atraem e que eu gosto muito: literatura (óbvio!)
e música.
Na maioria das vezes, ambos
seguem seus próprios caminhos, separados. Mas vez ou outra, essas trilhas se
encontram, e essa união é simplesmente magnífica na grande maioria dos casos.
Um livro que inspira uma música,
ou músicas citadas em livros. Todos esses casos são os resultados possíveis
quando temos música e fantasia andando lado a lado. Uma inspirando a outra, em
um círculo intermitente.

Hoje aqui na nossa coluna
semanal, vamos falar um pouco sobre este tema, citando casos onde essa parceria
foi bem sucedida e enriqueceu, ainda mais, ambas as artes.
Livros que inspiraram músicas
Esse é o caso mais comum.
Principalmente na área dos sons mais pesados como o rock e o heavy metal – neste
último, no seu subgênero denominado power metal – temos várias obras que
serviram como inspiração para algumas músicas ou em alguns casos, como vamos
ver mais a frente, até mesmo álbuns inteiros.
Para encabeçar essa pequena lista
vamos falar de uma das – para não dizer: A banda – mais conhecidas do cenário
do heavy metal mundial.
Claro que estamos falando do Iron Maiden.
Os ingleses liderados atualmente
por Bruce Dickinson já usaram obras de autores renomados não só uma, mas várias
vezes como temáticas de suas músicas.
Um exemplo que podemos citar é a
música Phatom of The Opera (quarta
faixa do álbum Iron Maiden, que foi também o álbum de estreia da banda) que foi
inspirada no livro O Fantasma da Ópera de Gaston Leroux. Esse mesmo livro
também foi inspiração para uma outra banda famosíssima. A banda de metal sinfônico
Nightwish compos uma música com esse mesmo nome e temática para o seu álbum Century
Child, lançado em 2002.
Podemos citar também a música Murders in the Rue Morgue que foi
inspirada em uma obra do grande Edgar Alan Poe intitulada Assassinatos na Rua Morgue (The
Murders in the Rue Morgue no título original) publicado em 1841. Essa
música está presente no álbum Killers
que foi lançado em 1981. E a lista não acaba por aí...
As inspirações vão desde obra de
aventura e thrillers como os do
escritor escocês Alistair MacLean à ficção científica distópica como Admirável Mundo Novo de Audous Huxley
passando também pela fantasia de C. S. Lewis e Orson Scott Card. Listando mais
algumas teremos:
- Música Where Eagles Dare (álbum Piece
of Mind) baseada no livro O Desafio
das Águias de Alistair MacLean.
- Música The Evil That Men Do (single lançada em 1988 e que também está
presente no álbum Seventh Son of a
Seventh Son) baseada no livro Júlio
César de William Shakespeare.
- Música Seventh
Son of a Seventh Son (do álbum homônimo) inspirada no livro Seventh
Son de Orson Scott Card.
- Música Sing of the Cross (do álbum The
Factor X) inspirada no livro O Nome
da Rosa de Umberto Eco.
- Música Brave New World (do álbum homônimo) baseada no livro Admirável Mundo Novo de Audous Huxley.
- Música Out of the Silent Planet, single baseada no livro Além do Planeta Silencioso, que é o
primeiro volume da Trilogia Espacial
de C. S. Lewis.

Partindo um pouco para a
literatura geral, dos grandes clássicos e romances, percebemos que eles eram os
prediletos de bandas mais antigas como The
Smiths e o The Doors e de brilhantes
cantores solos como Bob Dylan, Nick Cave e Kate Bush.
O The Smiths, que sempre procuraram uma boa abrangência em suas
músicas assim, como boas referências. As mais notáveis que podemos citar são as
obras de escritores como Oscar Wilde e John Keats e George Eliot (autor do
romance Middlemarch), que deram
origem a músicas como Cemetry Gates e
a excepcional How Soon is Now.
Nick Cave colocou nuances líricas
e poéticas em algumas de suas músicas, como podemos notar em The Lyre of Orpheus e Red Right Hand, onde vemos referências
ao poema Paradise Lost de John
Milton.
O timbre vocal de Kate Bush é
inconfundível, exótico e marcante. Quem nunca ouviu aquela voz que alcançava
alturas incríveis logo nas primeiras frases da música Wuthering Heights? Além da referência a obra O Morro dos Ventos Uivantes de Emily Bronte, vemos também em outras
de suas canções influências de personagens dos romances de James Joyce, como Ulysses.
Partindo finalmente para o campo
da literatura fantástica e ficção científica temos menções gritantes à obra de
Douglas Adams e sua obra mor: O Guia do
Mochileiro das Galáxias.
Podemos citar as músicas Paranoid Android da banda Radiohead (em
referência ao personagem Marvin) e “42” do
Coldplay (acho que essa referência não precisa ser explicada...).
Ainda na ficção científica temos
a famosa banda de death/trash metal brasileira Sepultura que incorporou elementos do livro Laranja Mecânica de Anthony Burgess ao compor a música Ludwig Van, em alusão ao amor que o
protagonista da história tem pelas músicas do compositor clássico Beethoven.
Já David Bowie se inspirou na
magnum opus do autor George Orwell para fazer a sua música intitulada 1984, assim como o livro de Orwell.
Stephen King também está
incorporado no hall dos homenageados pelo rock. Sua obra Cemitério Maldito foi a base para a música Pet Semetary de ninguém mais, ninguém menos, que o Ramones.

E, claro, que eu não poderia
falar de literatura fantástica sem citar o maior nome do momento...
A obra de George R. R. Martin, Crônicas de Gelo e Fogo, também já foi
usada como base não só para uma música ou álbum, mas para a temática completa
da banda norte-americana de power metal progressivo Winterfell.
O álbum Winter Is Coming (salve Ned Stark!) está repleto de referências a
história da casa Stark e ao povo do norte de Westeros.
Mas se tem um álbum (um álbum
inteiro) que merece destaque é o Night
Fall in Middle-Earth da banda alemã Blind
Guardian, que foi completamente baseado no livro O Silmarillion de J. R. R. Tolkien.
O Álbum tem 24 faixas (as duas
últimas sendo bônus tracks), e são
uma verdadeira viagem por toda a história das origens da Terra-Média. Músicas
como The Curse of Feänor, Noldor, The Dark Elf e The Eldar
escancaram suas referências.
É notável como principalmente o
rock e o heavy metal costumam se mesclar com as obras dos grandes mestres da
literatura mundial e o casamento estre música e literatura podem gerar obras
magníficas.
E antes deu encerrar o texto, não
querendo alonga-lo ainda mais, quero compartilhar com vocês leitores –
principalmente os fãs da saga A Torre
Negra de Stephen King – um conteúdo que vi em um blog americano.
Do que se trata? Somente uma
reunião de todas – eu escrevi, TODAS! – as músicas citadas nos sete livros que
compõem a série.
Quem já leu pelo menos um livro
de A Torre Negra sabe que a música é
constantemente usada como um elo que liga a Nova York de Eddie, Jake e Susannah ao decadente Mundo Médio de Roland além de retratar com fidelidade a cultura das diferentes décadas que essa
história abrange.

A postagem está em inglês, mas
facilmente você consegue identificar o livro no qual a música foi mencionada
por algum personagem. Mas um aviso: o número da página que o autor da postagem
inseriu ao lado de cada música pode não bater com o da edição que você por
ventura tenha. A edição que ele usou foi uma publicada nos Estados Unidos.
Sem mais delongas, eis o link
para a postagem e boa viagem: http://goo.gl/OrS2sI
E você conhece mais alguma música que foi inspirada em algum
livro? Conhece mais alguma banda ou cantor(a) que conseguiu combinar música e
literatura? Quer deixar uma sugestão para um tema para nossa próxima Conversa
de Taberna? Não deixe de comentar.
Um ótimo final de semana a todos, e até a próxima!
Nenhum comentário:
Postar um comentário