Resenha: "Rosas" de Ana Lúcia Merege (Trasgo) - Café & Espadas

14 de maio de 2014

Resenha: "Rosas" de Ana Lúcia Merege (Trasgo)

Olá amigos do Café & Espadas! Hoje vamos dar continuidade à jornada pelos contos da revista eletrônica Trasgo. Uma grande iniciativa literária nacional, que irá divulgar grandes autores que ainda guardam suas histórias na gaveta.



O que é a revista Trasgo?

Já falamos sobre ela aqui no blog, mas não custa nada relembrar, não é?

A Trasgo é uma revista de contos de ficção científica e fantasia, com o intuito de trazer os melhores contos em língua portuguesa, de autores novos e consagrados.


A revista é em forma de e-book, lançada trimestralmente, com quatro edições por ano. É possível acompanhar as novidades pelo
Facebook ou Twitter. Ou aqui no Café & Espadas!


Rosa, o conto que vamos analisar hoje, foi escrito por Ana Lúcia Merege. Mas antes da análise, leia um pequeno trecho dele:

Para esperar o professor, Mildred assou um bolo com pedacinhos de amêndoas. Era o seu preferido, ou pelo menos ele o comera sem reclamar, todas as sextas-feiras, ao longo dos dezenove anos em que estavam casados. O chalé fora comprado depois, uma pequena e adorável moradia a duas milhas da estação. Mildred podia assim cultivar suas rosas e o professor podia residir na escola na maior parte do tempo, pegando o trem das 14:27 na sexta-feira para passar o fim de semana ao lado da esposa. Era um arranjo conveniente para ambos, por isso nunca se falou em mudá-lo, assim como jamais se cogitou experimentar uma cor diferente do bege ao repintar o chalé. Não havia por que alterar uma rotina que funcionava tão bem.
O professor descia do trem às 16:14. Comprava uma revista científica na banca da estação e
iniciava a caminhada, que no início levara vinte minutos, subira ao longo dos anos para trinta e agora estava em torno dos trinta e sete, podendo ser um pouco mais, se o tempo estivesse ruim ou a mala muito pesada. Mildred, assim, se organizou para que às cinco os móveis estivessem espanados, o chão aspirado — inclusive embaixo do tapete, o que ela negligenciava entre a segunda e a quinta-feira — e a cama com os lençóis trocados e aspergidos com lavanda. A chaleira ficou sobre o fogão, que ela acendeu tão logo ouviu a chave girando na fechadura. [...]

Temos aqui uma prova de o quão prodigiosos podem ser os autores nacionais, principalmente dentro desse gênero de histórias curtas, que cai bem no gosto dos imediatistas, que querem ler boas histórias, com conteúdo bem elaborado e estruturado e no menor tempo possível. Rosas é tudo isso: um conto curto, direto, muito bem escrito e com um final que quebra violentamente o clima romântico e monótono que vinha se desenrolando até então. Realmente surpreendente. Espero ter mais contato com outros escritos dessa autora.


Ana Lúcia Merege é carioca e trabalha na Biblioteca Nacional. É autora de artigos, de contos, do ensaio Os Contos de Fadas, dos romances O Caçador, Pão e Arte, O Castelo das Águias e A Ilha dos Ossos. Organizou, entre outras, a coletânea Excalibur e é coorganizadora de "Meu Amor é um Sobrevivente", “Bestiário” e “Bestiário: outras criaturas”. Mais em estantemagica.blogspot.com.br 




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Um comentário:

  1. Muito obrigada pela resenha! Fico feliz que tenha gostado e espero que tenha oportunidade de ler alguns de meus outros trabalhos. Parabéns pelo ótimo blog.

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