Resenha: Shada - Café & Espadas

16 de maio de 2014

Resenha: Shada

Título – Shada 
Título Original – Shada 
Autor –Gareth Roberts 
Páginas – 352 
Editora – Suma das Letras 

Sinopse



Vista e cultuada em mais de 200 países, a série de TV Doctor Who é um ícone cultural britânico que conquistou mais de 70 milhões de fãs em 50 anos de aventura. O seriado acompanha o Doutor: um viajante misterioso, vindo do planeta Gallifrey, movido pelo desejo de explorar todos os cantos do tempo e do espaço.

Um dos Senhores do Tempo, o Doutor é capaz de se regenerar para escapar da morte, mudando de corpo, rosto e personalidade. Com seus companheiros, humanos e alienígenas, ele protege a Terra e o cosmos contra perigos de todos os tipos.


Shada reconta um episódio que nunca foi transposto para as telas de televisão, uma aventura “perdida” de 1979. Escrita pelo então editor de roteiros da série, Douglas Adams, o autor de O guia do mochileiro das galáxias, Shada traz a quarta encarnação do Doutor e sua companheira Romana II.


Antes de tudo, devo confessar uma coisa: não sou um dos maiores fãs de Doctor Who.

Não é que eu ache o seriado ruim, ou o gênero e a história em si não me atraia, definitivamente não. Simplesmente nunca tive a oportunidade de ter muito contato com as aventuras atemporais do Doutor, por já ser uma série bem antiga (começou a ser exibida no canal BBC em 1963!), extensa e com muitos arcos de história, e particularmente por uma questão de tempo disponível também, o que chega ser irônico.

Mas sou fã e conheço o trabalho do genial Douglas Adams. E quando me veio a notícia de que essa obra seria lançada, confesso também, que não foi o fato de ser um episódio perdido de Doctor Who que me chamou atenção, e sim o fato de ele ter sido escrito pelo pirado do Douglas.

Então quando adquiri Shada e comecei a me familiarizar com um dos universos de ficção científica mais admirados e famosos do mundo, entendi o porquê da paixão dos whovians. E eu posso ser um leigo quando o assunto são as viagens da TARDIS, mas conheço a escrita e as características peculiares e inerentes aos enredos elaborados por Douglas Adams, e posso dizer que o livro, sob a regência apurada de Gareth Roberts, uniu muito bem os dois.

Só uma observação: Não vou devagar muito sobre a polêmica que gira em torno do episódio Shada.Caso você queira saber mais sobre este assunto, recomendo a leitura do posfácio da edição, escrito por Garerth, e também uma matériaque publicamos aqui no  blog já faz algum tempo sobre a obra. Sendo assim, vamos ao enredo.

A história de Shada tem início quando um vilão muito poderoso e inteligente tem uma idéia súbita, megalomaníaca e que, segundo seus cálculos, pode dar certo: espalhar a sua mente pelo universo e assim dominá-lo. Mas para isso ele irá precisar de um livro. E não é qualquer livrinho desses que você encontra em qualquer biblioteca de esquina: O Ancestral e Venerável Livro das Leis de Gallifrey é umas das mais preciosas – e perigosas! - relíquias guardadas pelos Senhores do Tempo, uma raça extraterrestre superior, que dominou a ciência e a tecnologia para realizar viagens pelo espaço-tempo, e que também tem a capacidade de ampliar a sua longevidade por um tempo, digamos... Demasiado extenso para os nossos padrões (e para todo o resto do universo, acho...).

Daí então, eles exploram o universo nessas viagens totalmente imprevisíveis enfrentando todo tipo de ameaças universais e conhecendo novos mundos, e no meio de todos esses planetas um foi escolhido por um Senhor do Tempo muito simpático chamado Chronotis para ser o seu lar e esconderijo da tal relíquia, e esse planeta - adivinhem só! – é a Terra.

Ao receber um sinal de socorro enviado pelo professor, o nosso Doutor, acompanhado de sua parceira Romana II e o cachorro-robô K-9, chega a Universidade de Cambridge, na Inglaterra, onde todos os problemas e a grande aventura têm início, e para tentar deter Skagra eles irão receber a ajuda de dois terráqueos: Chris e Clare, um casal de cientistas  bem improvável.

Douglas Adams nos deixou em 11 de maio de 2001 deixando um legado repartido em várias obras, e posso dizer com toda segurança que essa é uma delas. Shada está repleta de nuances do humor característico dele, suas assinaturas literárias estão lá, bem visíveis para os leitores mais atentos: inteligências artificiais mostrando personalidades puramente orgânicas, física e filosofia sendo expostas de uma forma divertida e atraente, e o desenvolvimento agradável de cada personagem durante a narrativa.

Gareth Robert também fez um ótimo trabalho romanceando esse roteiro, levando em consideração todas as dificuldades que há em fazer uma conversão como essa.

Ele mantém a essência dos personagens originais, e até mesmo quem não é acostumado com as loucuras do Doutor logo se sente um amigo de longa data, e se vê dando risadas das situações absurdas e das reviravoltas brilhantes. A escrita é leve, de assimilação rápida e direta, e o desenrolar dos eventos é hipnotizante, e tudo culmina para um final satisfatório. Abro aqui um parêntese para a cena onde Skagra pede para a nave ler O Ancestral e Venerável Livro das Leis de Gallifrey... não lembro de um livro ter me feito rir daquela forma.

A Editora Suma das Letras fez o básico nessa edição, mas um básico bem caprichado, o que deixou a leitura desse ótimo livro ainda mais prazerosa. A diagramação está ótima, erros de revisão mínimos e a capa é bem no estilo dos livros de ficção científica, com cores que nos transporta para um ambiente de enigmas flutuantes, que nos cercam por todos os lados.

Em geral, Shada é um ótimo livro. Mas ótimo mesmo! Sinceramente, não esperava a qualidade e a diversão que vi nas linhas – e entrelinhas - desta obra. E se você não conhece o universo de Doctor Who(assim como eu) essa pode ser uma ótima porta de entrada para essa saga lendária. E se você (assim como eu também) é um fã de Douglas Adams, fica aqui mais uma aquisição para a sua coleção, já que nesta obra a sua personalidade e brilhantismo se mantêm tão perceptíveis. Recomendo fortemente.

História
Escrita
Revisão
Diagramação
Capa

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