Resenha: O Pesadelo - As Aventuras do Caça-Feitiço - Café & Espadas

29 de maio de 2014

Resenha: O Pesadelo - As Aventuras do Caça-Feitiço

Título – O Pesadelo 
Título Original – The Spook’s Nightmare
Autor – Joseph Delaney 
Páginas – 320 
Editora – Bertrand Brasil 


Sinopse


“Fiquei parado lá, atemorizado. Meu mestre ia morrer. ”

O Condado passa por dias difíceis.

Para o Caça-feitiço, porém, as noites são mais sombrias. Depois de enfrentar as trevas por tanto tempo, agora ele é assombrado por sonhos terríveis. 

E o pior é que esses sonhos podem ser premonições... Com sua preciosa biblioteca transformada em cinzas e sua arquirrival, Lizzie Ossuda, livre outra vez, parece que tudo vai acabar mal. 

Os piores pesadelos se tornaram reais, e os poderes do Caça-feitiço podem estar desaparecendo justamente quando todos mais precisam deles. Será que Tom Ward terá de enfrentar as trevas sozinho?


Depois de uma longa espera, ele voltou.

John Gregory, mais conhecido como o caça-feitiço, e seu aprendiz Tom Ward voltam a enfrentar as criaturas mais perigosas e as trevas mais escuras que atormentam o Condado neste sétimo volume da série criada pelo autor Joseph Delaney.

Demorei um tempo para obter esse livro. Houve uma boa demora entre a publicação de O Sacrifício e este, e quando finalmente houve o lançamento, demorei mais um tempo para poder tê-lo em mãos. Mas a leitura foi rápida, devido ao estilo de escrita e narrativa de Joseph; algo que já é familiar aos leitores que acompanham a saga de Tom, John e Alice desde o primeiro volume, O Aprendiz.

Porém, O Pesadelo me trouxe uma desagradável percepção: a saga do aprendiz já começa a apresentar seus sinais de cansaço.

Mesmo sendo algo natural (e um risco comum) este fato não deixa de ser algo imperceptível ou irrelevante. Estender uma história por vários volumes é uma estrada de duas vias: ora pode ser algo realmente rentável para autor e editora, caso a história seja tão criativa que seja capaz de produzir mais personagens e tramas envolventes a cada volume; ora pode acabar caindo no pecado do “mais do mesmo”. E é isso que está começando a acontecer com As Aventuras do Caça-Feitiço, mesmo com esse volume trazendo um novo cenário para os eventos que compõem a trama.

O Maligno está definitivamente liberto, e o efeito de sua influência sobre os homens passa a ser notada pelos nossos protagonistas quando eles são atingidos diretamente pela guerra.  O Condado está sendo dominado pelos exércitos de outro país, e John sofre um duro golpe com isso, perdendo um dos seus bens mais preciosos, e ao qual tinha muito apego: sua biblioteca.

Logo, John, Tom e Alice se veem obrigados a fugirem para longe do Condado. Mais precisamente para a ilha de Mona. Um lugar isolado, sem muito contato com outros povos, e habitado por pessoas que desejam manter esse isolamento.

A recepção não é lá das melhores: os habitantes de Mona são altamente xenófobos e já estão escorraçando todos os refugiados de guerra, o que leva os nossos personagens a se esconderem do governante da ilha: um xamã poderoso que tem um demônio sanguinário e muito perigoso sob o seu domínio.

Junto a isso, a feiticeira Lizzie Ossuda, mãe de Alice, escapa da cova onde foi enterrada, e ameaça espalhar seu poder - que está no auge, agora que ela completou 40 anos de idade - sobre todo o mundo, começando por Mona.

O que podemos perceber durante a leitura de O Pesadelo – e o autor deixa isso bem evidente – é que o tempo de John Gregory está nos limiar do seu fim.

A grande perca que ele sofre no começo da aventura e as batalhas perdidas abalam profundamente a sua autoconfiança e o seu orgulho. Seu condicionamento físico já está muito desgastado, e o que vemos é um Tom tendo que endurecer de vez seus sentimentos e seu coração, se livrando de toda compaixão para com algumas criaturas das trevas, e assumindo seu posto de sucessor no ofício de caça-feitiço.

Mesmo com essa questão de evolução dos personagens (incluindo Alice) para ser explorada, a narrativa em boa parte se desenvolve de forma cíclica: sempre voltando para o mesmo lugar; conseguindo romper essa cadeia de voltas somente para dar um desfecho bem mediano, mas que deixou um bom gancho para o oitavo volume, que aparentemente tem tudo para trazer uma grande reviravolta na trama geral, e dar um novo fôlego para a saga.

Tom e Alice estão presos um ao outro pela proteção do cântaro de sangue, e o medo do mais poderoso inimigo é constantemente repetido durante a narrativa, mesmo com o Maligno não dando o ar de sua graça em nenhum momento. Um temor com fundamento, sim, mas que se mostra inútil no final das contas.

Mas esse volume também tem suas qualidades: a narrativa rápida e leve de sempre, como já dito antes, continua presente, assim como as doses de suspense e o clima denso e obscuro, que nos remete ao frio sobrenatural e o ranger de dentes. Outro ponto ótimo que deve ser mencionado é a excelente edição produzida pela Bertrand Brasil, que segue o padrão adotado desde o primeiro volume: a boa diagramação, a capa que simula o couro dos cadernos de Tom e os desenhos que abrem todos os capítulos.

Mas no geral, O Pesadelo não possui tantos atrativos quanto os volumes anteriores. É algo que não chega a ser de tudo ruim, mas que poderia ser infinitamente melhor.

O enredo muitas vezes parece não sair do lugar, é travado pela constante frustração dos planos do Caça-Feitiço e seu aprendiz, o que os leva de volta aos mesmos lugares e a enfrentar os mesmo perigos. Também não espere grandes revelações sobre o passado dos personagens: essa foi uma das principais características – e que já havia se tornado uma constante ao longo da série - ausente nesse volume.

O Pesadelo é um interlúdio muito simplório e medíocre colocado entre o ótimo final de O Sacrifício e o promissor oitavo volume. Espero sinceramente que essa falha de Joseph não se repita. Se for pra série acabar antes do tempo estimado, que seja!  Só não quero que ele perca o “fio da meada” da ótima saga que ele criou.


História

Escrita

Revisão

Diagramação

Capa
 

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