Notícia: Lançado um trecho de "World of Ice and Fire" de George R. R. Martin - Café & Espadas

21 de abril de 2014

Notícia: Lançado um trecho de "World of Ice and Fire" de George R. R. Martin


George liberou em seu site uma amostra de The World of Ice and Fire, livro que contará toda a história dos Sete Reinos desde antes da Conquista até os dias atuais. O livro que já está finalizado, foi escrito em conjunto com Elio Garcia e Linda Antonsson. Há uma previsão de que seja publicado ainda esse ano fora do país, mas não temos previsão de quando será publicado aqui no Brasil.


Veja abaixo o trecho traduzido por João Araújo:

Os mestres da Cidadela que guardam as histórias de Westeros, têm vindo a usar a Conquista de Aegon como o seu marco para os últimos trezentos anos. Nascimentos, mortes, batalhas e outros acontecimentos são datados ou DC (Depois da Conquista) ou AC (Antes da Conquista).
Os mais cultos sabem que tal data não é muito precisa. A Conquista de Aegon Targaryen dos Sete Reinos não se deu num só dia. Mais de dois anos passaram entre Aegon desembarcar em Vila Velha (Oldtown) e a sua coroação… e até a Conquista permaneceu incompleta, uma vez que Dorne resistiu. Tentativas esporádicas de trazer os Dorneses para o reino continuaram durante todo o reinado do Rei Aegon e também durante os reinos dos seus filhos, tornando impossível determinar um fim preciso para as Guerras da Conquista.
Até a data de início é algo equívoco. Muito assumem, erradamente, que o reino do Rei Aegon I Targaryen começou no dia em que ele chegou à costa de Blackwater, sob as três montanhas onde a cidade de King’s Landing acabou por se erguer. Nem por isso. O dia da Chegada de Aegon foi celebrado pelo rei e os seus descendentes, mas a Conquista, na verdade, datou o início do seu reinado desde o dia em que foi coroado e ungido no Septo Estrelado de Vila Velha pelo Grande Septão da Fé. Esta coroação teve lugar dois anos depois da Chegada de Aegon, bastante depois de três das maiores batalhas da Guerra da Conquista terem acontecido e terem sido ganhas. Assim, é possível ver que a maior parte da verdadeira conquista de Aegon decorreu de 2 a 1 AC, Antes da Conquista.
Os Targaryen era de puro sangue Valiriano, senhores dos dragões de uma antiga linhagem. Doze anos antes da Perdição de Valyria (Doom of Valyria) (114 AC), Aenar Targaryen vendeu os seus terrenos no Mercado (Freehold) e nas Terras do Longo Verão (Lands of the Long Summer) e deslocou-se com as suas mulheres, bens, escravos, dragões, irmãos, parentes e crianças para Pedra do Dragão (Dragonstone), uma ilha deserta sob uma enorme montanha no mar estreito.
No seu auge, Valiria era a maior cidade no mundo conhecido, o centro da civilização. Dentro das suas brilhantes paredes, duas casas rivais ansiavam por poder e glória na corte, caindo constantemente numa luta subtil e selvagem pelo domínio. Os Targaryens estavam longe de serem tão poderosos como os outros senhores dos dragões, e os seus rivais viram a viagem para Dragonstone como um ato de desistência, de covardice. Mas a jovem filha do Lorde Aenar, Daenys, para sempre conhecida como Daenys, a Sonhadora, previra a destruição de Valiria pelo fogo. E quando a Perdição veio, doze anos depois, os Targaryen eram os únicos senhores dos dragões sobreviventes.
Perda do Dragão tornara-se o posto oeste de poder Valiriano por dois séculos. A sua localização no Gargalo (Gullet) deu aos seus lordes um domínio da Baía de Blackwater (Blackwater Bay) e permitiu tanto aos Targaryens como aos seus aliados mais próximos, os Valeryons de Driftmark (uma casa mais baixa de descendência Valiriana) para encher os seus cofres com o tráfego de barcos. Os navios Velaryanos, juntamente com os de outra casa Valiriana aliada, os Celtigars de Claw Isle, dominaram as águas do mar estreito, enquanto os Targaryen reinaram os céus com os dragões.
Ainda assim, durante a maior parte dos cem anos após a Perdição de Valiria (que foram nomeados Século de Sangue (Century of Blood)), a Casa Targaryen olhou para este, não oeste, e pouco interesse tiveram nos assuntos de Westeros. Gaemon Targaryen, irmão e marido de Daenys, a Sonhadora, seguiu Aenar, o Exilado como Lorde de Pedra do Dragão e ficou conhecido como Gaemon, o Glorioso. O filho de Gaemon, Aegon, e a sua filha, Elaena, reinaram juntos após a sua morte. Depois deles a terra passou para o seu filho Maegon, o seu irmão Aerys e os filhos de Aerys, Aelyx, Baelon e Daemion. O último dos três irmãos era Daemion, cujo filho Aerion depois reinou em Pedra do Dragão.
O Aegon que é conhecido na história como Aegon, o Conquistador e Aegon, o Dragão, nasceu em Pedra do Dragão em 27 AC. Ele era o único rapaz e a segunda criança de Aerion, Lorde de Pedra do Dragão, e da Senhora Valaena da Casa Velaryon, ela própria meia-Targaryen do lado da mãe.
Aegon tinha dois irmãos de sangue; uma irmã mais velha, Visenya, e uma irmã mais nova, Rhaenys. Já era costume entre os senhores de dragões de Valiria casar irmão e irmã, mantendo a linhagem de sangue pura, mas Aegon casou com as duas irmãs. Pela tradição, era esperado de si apenas casar com a irmã mais velha, Visenya; a inclusão de Rhaenys como uma segunda esposa era incomum, contudo, não era algo sem precedentes. Era dito por alguns que Aegon casou com Visenya por dever e com Rhaenys por desejo.
Os três irmãos mostraram ser senhores de dragões antes do casamento. Dos cinco dragões que voaram de Valiria com Aenar, o Exilado, apenas um sobreviveu até aos dias de Aegon: a grande besta chamada Balerion, o Horror Negro (the Black Dread). Os restantes dois dragões – Vhagar e Meraxes – eram novos, nascendo em Pedra do Dragão.
Um mito comum, bastante ouvido entre os ignorantes, diz que Aegon Targaryen nunca pisara o solo de Westeros até ao dia em que viajou para o conquistar, mas tal não pode ser verdade. Anos antes da viagem, a Mesa Pintada (Painted Table) tinha sido esculpida e pintada a comando do Lorde Aegon: uma enorme tábua de madeira, com uns cinquenta pés de comprimento, esculpida na forma de Westeros e pintada para exibir todas as florestas, rios, cidades e castelos dos Sete Reinos. Claramente o interesse de Aegon em Westeros já mostrava alguns eventos que depois o levaram para a guerra. Para além disso, existem relatos credíveis de Aegon e a sua irmã Visenya visitarem a Cidadela de Vila Velha enquanto jovens, e visitarem Arbor como convidados do Lorde Redwyne. Ele pode também ter visitado Lannisport (Lannisporto); os relatos diferem.
A Westeros do jovem Aegon foi dividida em sete conflituosos reinos, e era rara a altura em que dois ou três desses reinos não estavam em guerra entre si. O vasto, frio e pedregoso Norte era governado pelos Starks de Winterfell. Nos desertos de Dorne, os príncipes Martell não vacilavam. As terras ricas de Westeros eram reinadas pelos Lannisters do Rochedo Casterly (Casterly Rock), o fértil Campina (Reach) pelos Gardeners de Jardim de Cima. O Vale, os Dedos (Fingers) e as Montanhas da Lua (Mountains of the Moon) pertenciam à Casa Arryn… mas os mais bélicos reis do tempo de Aegon eram aqueles cujos reinos estavam mais próximos de Pedra do Dragão, Harren, o Negro e Argilac, o Arrogant.
Da sua grande cidadela Ponta de Tempestade (Storm’s End), os Reis da Tempestade da Casa Durrandon chegaram a reinar uma vez a parte este de Westeros, desde Cape Wrath (próximo de Matabruma) até à Baía dos Caranguejos (Bay of Crabs), mas o seu poder tinha vindo a diminuir pelos séculos. Os Reis da Campina tinham ficado aos poucos com os seus domínios a oeste, os Dorneses atacaram-nos do sul, e Harren, o Negro e os seus homens de ferro empurraram-nos do Tridente (Trident) e das terras a norte de Blackwater. O Rei Argilac, o último dos Durrandon, tinha resistido a estas ofensivas há muito tempo, recusando uma invasão Dornesa enquanto jovem, atravessando o mar estreito para se juntar à grande aliança contra os “tigres” imperialistas de Volantis, e matando Garse VII Gardener, Rei da Campina, na Batalha de Summerfield (Battle of Summerfield) vinte anos depois. Mas Argilac envelheceu; o seu famoso cabelo negro tornou-se cinza, e a sua proeza nas armas desvaneceu.
A norte de Blackwater, as terras fluviais eram governadas pela sangrenta mão de Harren, o Negro da Casa Hoare, Rei das Ilhas e dos Rios. O avô de Harren, nascido no ferro, Harwyn Harghand, tinha tirado o Tridente do avô de Argilac, Arrec, cujos próprios antepassados tinham derrubado o último dos reis fluviais séculos antes. O pai de Harren tinha estendido os domínios a este para Duskendale e Rosby. O próprio Harren tinha dedicado a maior parte do seu reinado, perto de quarenta anos, a construir um gigantesco castelo ao lado de Gods Eye, mas com Harrenhal a chegar ao fim da sua construção, aqueles nascidos do ferro estariam rapidamente livres para procurar novas conquistas.
Nenhum rei em Westeros era mais temido do que o Negro Harren, cuja crueldade tinha ficado lendária por todos os Sete Reinos. E nenhum rei em Westeros se sentiu mais ameaçado que Argilac, o Rei da Tempestade, último dos Durrandon – um velho guerreiro cujo único herdeiro era a sua jovem filha. Assim, o Rei Argilac contactou os Targaryens de Pedra do Dragão, oferecendo a Lorde Aegon a sua filha em casamento, com todas as terras a este de Gods Eye desde o Tridente até Blackwater.
Aegon Targaryen rejeito a proposta do Rei da Tempestade. Ele tinha duas esposas, explicou; não precisava de uma terceira. E as terras doadas pertenciam a Harrenhal há mais de uma geração. Não eram de Argilac, portanto não as podia oferecer. Claramente, o velho Rei da Tempestade pretendeu estabelecer os Targaryen em Blackwater como uma ligação entre as suas terras e as de Harren, o Negro.
O Lorde de Pedra de Dragão lançou-lhe uma proposta como resposta. Ele ficaria com as terras oferecidas se Argilac concedesse também Massey’s Hook e as terras desde o sul de Blackwater até ao rio de Wendwater e as terras principais do Mander. O pacto seria selado com o casamento da filha do Rei Argilac com Orys Baratheon, o campeão e amigo de infância de Lorde Aegon.
Esses termos Argilac, o Arrogant, rejeitou irritadamente. Orys Baratheon era um meio irmão de Lorde Aegon, rumores diziam, e o Rei de Tempestade não iria desonrar a sua filha dando a sua mão a um bastardo. A própria sugestão encheu-o de raiva. Argilac cortou as mãos do enviado de Aegon e enviou-as para Pedra do Dragão numa caixa. “Essas são as únicas mãos que o seu bastardo irá ter de mim”, ele escreveu.
Aegon não respondeu. Invés disso, ele convocou os seus amigos, estandartes e principais aliados para se reunirem em Pedra do Dragão consigo. Eles eram poucos. Os Velaryons de Driftmark eram ajuramentados à Casa Targaryen, como eram os Celtigars de Claw Isle. De Massey’s Hook veio o Lorde Bar Emmon de Sharp Point e o Lorde Massey de Stonedance, ambos ajuramentados a Ponta Tempestade, mas com ligações a Pedra do Dragão. O Lorde Aegon e as suas irmãs reuniram com eles e visitaram o septo do castelo para rezar pelos Sete de Westeros, apesar de nunca ter sido visto como um homem devoto.
No sétimo dia, uma nuvem de corvos saiu das torres de Pedra do Dragão para levar a palavra do Lorde Aegon para os Sete Reinos de Westeros. Para os sete reis eles voaram, para a Cidadela de Vila Velha, para lordes grandes e pequenos. Todos levaram a mesma mensagem: a partir deste dia, haveria apenas um rei em Westeros. Aqueles que dobrassem o joelho a Aegon da Casa Targaryen manteriam as suas terras e títulos. Aqueles que erguessem armas contra ele, seriam derrubados, humilhados e destruídos.

Observação: AC em inglês (After the Conquer) é exatamente o oposto do português, (Antes da Conquista)

Via Game of Thrones Brasil e Literatura Fantástica blog parceiro do Café & Espadas
Tradução de João Araujo

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