Resenha: O Pacto - Café & Espadas

8 de fevereiro de 2014

Resenha: O Pacto

Título – O Pacto Título 
Original – Horns 
Autor – Joe Hill
Páginas – 320
Editora – Sextante 

Sinopse

Ignatius Perrish sempre foi um homem bom. Tinha uma família unida e privilegiada, um irmão que era seu grande companheiro, um amigo inseparável e, muito cedo, conheceu Merrin, o amor de sua vida. Até que um tragédia põe fim a toda essa felicidade: Merrin é estuprada e morta e ele passa a ser o principal suspeito.

Embora não haja evidências que o incriminem, também não há nada que prove sua inocência. Todos na cidade acreditam que ele é um monstro. Um ano depois, Ig acorda de uma bebedeira com uma dor de cabeça infernal e chifres crescendo em suas têmporas. Descobre também algo assustador: ao vê-lo, as pessoas não reagem com espanto e horror, como seria de esperar.

Em vez disso entram numa espécie de transe e revelam seus pecados mais inconfessáveis. Um médico, o padre, seus pais e até sua querida avó, ninguém está imune a Ig. E todos estão contra ele.

Porém, a mais dolorosa das confissões é a de seu irmão, que sempre soube quem era o assassino de Merrin, mas não podia contar a verdade. Até agora. Sozinho, sem ter aonde ir ou a quem recorrer, Ig vai descobrir que, quando as que você ama lhe viram as costas e sua vida se torna um inferno, se o diabo não é tão ruim assim.

A história de “O Pacto” traz uma narrativa sombria e por vezes pesada de como tudo aquilo que uma pessoa acredita ter (amor, confiança, pessoas com quem dividir o fardo de uma grande tragédia) pode não passar de uma grande mentira. E Ig Perrish descobriu isso da pior forma que alguém poderia descobrir: ouvindo as terríveis verdades da boca de seus próprios familiares e amigos.

Ig é um homem acusado de um crime terrível: o estupro seguido de assassinato de sua namorada Merrin Willians, a sua namorada desde a adolescência, e com quem ele sonhava ter uma família, um dia.  Ele vem de uma família rica e notável: o pai é um músico conhecido; o irmão, além de músico, apresenta um programa famoso na TV americana e seu meu melhor amigo, Lee Torneau, está em um começo de ascensão no mundo político. Junte a isso uma mãe devotada e uma avó a quem ele tem um carinho especial (que ele achava que era recíproco) e pronto: temos a receita de uma família aparentemente perfeita. Mas um grade poder, traz algo além de grandes responsabilidades, traz à tona coisas que deveriam ficar guardadas lá no fundo da hipocrisia e da falsidade.

Os chifres que nascem na cabeça de Ig após a noite de bebedeira, fazem com que as pessoas que olhem para ele confessem inconscientemente todas as suas vontades e pensamentos mais secretos. Não há como escapar desse efeito, que por muitas vezes, Ig tenta bloquear. Mas com o tempo ele começa a controlar melhor e até a sentir um prazer físico em usá-lo. Logo, ele descobre uma informação importantíssima que pode inocentá-lo: a identidade do verdadeiro assassino de Merrin. Daí então começa uma corrida frenética de acontecimentos e reviravoltas onde as novas habilidades de Ig serão extremamente úteis e o deixará ainda mais decepcionado com todos que o cercam.

Joe Hill conduz o leitor em uma narrativa rápida, proporcionando uma leitura de fácil compreensão, cheia de referência à boa música e a passagens da Bíblia, que não poderia deixar de ter quando o protagonista virou o diabo. Há um grande flashback sobre a infância de Ig, Terry (irmão de Ig) e Lee bem no meio da história, no momento da grande revelação, para ser mais exato. Mas isso não prejudica em nada a história como um todo. Há algumas passagens que eu diriam que são desnecessárias (referenciando um filme conhecido: “O Diabo veste saia azul...”), mas isso vai bem ao gosto do leitor, e do seu senso de humor.

É interessante notar a evolução do protagonista, no começo um total desacreditado, que perde toda a sua base emocional, mas que a medida que aceita e aprende a manipular a sua nova condição, se torna frio, livre de amarras sentimentais e disposto não mais a fazer a simples justiça, e sim a se vingar de todos, todos mesmo.

O ponto principal que fica depois da leitura dessa obra é: vale a pena saber o que os outros realmente pensam sobre você, ou realmente a ignorância é uma bênção? E quão tênue é a linha que separa o bem do mal?

O livro é uma boa leitura, é bem escrito, e faz você querer ler outros livros do autor.  
A edição é ótima, bem diagramada e com páginas amareladas. Recomendo.


História
Escrita
Revisão
Diagramação
Capa


Nenhum comentário:

Postar um comentário