Título – Mares de Sangue
Título Original - Red Seas Under Red Skies
Autor – Scott Lynch
Páginas – 512
Editora – Arqueiro
Sinopse
Título Original - Red Seas Under Red Skies
Autor – Scott Lynch
Páginas – 512
Editora – Arqueiro
Sinopse
Após uma batalha brutal no submundo do crime, o golpista Locke Lamora e seu fiel companheiro, Jean Tannen, fogem de sua cidade natal e desembarcam na exótica Tal Verrar para se recuperar das perdas e feridas. Porém, mesmo no extremo ocidental da civilização, não conseguem descansar por muito tempo e logo estão de volta ao que fazem de melhor: roubar dos ricos e embolsar o dinheiro.
Desta vez, eles têm como alvo o maior dos prêmios, a Agulha do Pecado, a mais exclusiva casa de jogos do mundo, onde a regra de ouro é punir com a morte qualquer um que tente trapacear. É o tipo de desafio a que Locke não consegue resistir... só que o crime perfeito terá que esperar.
Antigos rivais dos Nobres Vigaristas revelam o plano a Stragos, o ambicioso líder militar verrari, que resolve manipulá-los em favor de seus próprios interesses. Em pouco tempo, a dupla se vê envolvida com o mundo da pirataria, um trabalho inusitado para ladrões que mal sabem diferenciar a proa da popa de um navio.
Em Mares de sangue, Locke e Jean terão que se mostrar malabaristas de mentiras, enganando todos ao seu redor sem a mínima falha, para que consigam sair vivos. Mas até mesmo isso pode não ser o bastante...
Fiz
questão de manifestar minha surpresa, meu contentamento e minha empolgação na
resenha que escrevi sobre o livro As
Mentiras de Locke Lamora - primeiro volume da série Nobres Vigaristas -
publicado pela Editora Arqueiro no começo desse ano.
Fiquei
surpreso com a envolvência do enredo, com a qualidade da escrita - não muito
soberba, mas bem precisa e agradável - e com o resultado final do trabalho
imaginativo exuberante e hipnotizante do autor.
Fiquei
contente, pois há muito tempo não lia uma história tão original, sem aqueles
“semelhante a Tolkien...” que virou um bordão nas obras de fantasia. Se há
referências de outras obras ou influência de outros autores elas estão muito
bem camufladas.
E
fiquei empolgado com surgimento de mais um nome no hall dos ótimos autores de fantasia contemporâneos.
E
esse nome é Scottt Lynch. E nesse segundo volume de sua série de histórias sobre
Locke Lamora - o gênio do roubo e dos golpes mirabolantes - comprovamos o
porquê de toda essa empolgação.
Depois
do desfecho dos acontecimentos que se passaram em Camorr, encontramos Locke e
Jean em uma nova cidade, onde outro golpe monumental - que levou dois anos para
ser elaborado e posto em prática - está sendo desdobrado pelos dois nobres
vigaristas.
Eles
desembarcam em Tal Verrar, uma cidade portenha gigantesca. Conhecida pelo seu
forte comércio marítimo e sua poderosa marinha que tempos antes, expurgou quase
que completamente a atividade dos piratas nas águas que banham o litoral
Verrari.
A
cidade possui três poderes políticos muito bem definidos: O Arcontato, responsável pela marinha de Tal Verrar e comandada por
Maximilian Stragos, o Arconte; O Priori um
conselho formado pelos nobres da cidade. O terceiro poder não é lá muito
político, mas possui uma influência bem equiparável: Requin é o proprietário e
a conhecida Torre do Pecado, um antro de jogatina onde os mais afortunados
gastam seu dinheiro de todas as formas possíveis. Ou seja, boa parte do capital
de Tal Verrar está concentrado na mão de Requin.
Nem preciso dizer que ele é o alvo do grande golpe de Locke
e Jean, não é?
É
interessante observar que nesse segundo volume da série a política está mais
presente e determinante para o enredo: os principais complôs e reviravoltas
ocorrem em torno da troca de poderes políticos, e da ganância dos dominantes. E
o autor consegue estruturar essa nova característica muito bem, intercalando
com o cerne da história sem perder o foco em nenhum momento.
Locke
e Jean, sem saber, estão embarcando no meio deste turbilhão de corrupção e
violência. Nada com o qual eles já não estejam acostumados, claro, mas há algo
que pode atrapalhar todo o andamento do plano: a amizade entre eles se abala em
alguns momentos, e isso faz com que cada um deles busquem a independência um do
outro. Um amadurecimento que só uma vida muito mais dura do que a dos golpes em
Camorr poderia conceder.
As
perdas que Locke sofreu na sua antiga cidade ainda o atormenta, e para o Jean o
fardo se torna muito difícil de suportar.
Sendo
assim, o elo que os une oscila bastante entre durante toda a narrativa, mas
quando uma ação direta partindo do arconte ameaça todo o planejamento – e a
vida - da dupla a única saída que eles enxergam diante de si é a união
incondicional.
Stragos
necessita ter a sua autoridade e influência restauradas. Ele quer ver novamente
a sua marinha onipotente ditando as regras do jogo, e toda a cidade sob o seu
punho. Para isso, ele irá pôr em ação um plano arriscado: trazer novamente os
piratas que atormentaram as águas verrari há muitos atrás, para que ele e sua
frota possam combatê-los e assim recuperar o seu prestígio. E é aí que entram
os Nobres Vigaristas, que ficarão – depois de serem enganados sordidamente –
acorrentados à missão dada por Stragos: enganar e atrair os tais piratas para
dentro do seu raio de alcance.
Essa
“viagem não planejada” de Locke é a deixa para que novas paisagens, novos
mitos, novos sabores, culturas e costumes sejam criados e explorados com
elegância por Lynch. E nisso ele é um mestre.
O
mundo criado por ele já foi apresentado densamente em seu primeiro volume. Neste
ele explora a outra face da moeda: enquanto em As Mentiras de Locke Lamora ele explana incisivamente sobre Camorr
e seus hábitos, e também algumas terras vizinhas, em Mares de Sangue ele descreve, com a mesma leveza e deslumbre, os
mares que cercam essas terras. E tudo isso com um pé nos perigos feitos de
carne e osso, que moram na superfície ou nas profundezas do oceano, e outro no
sobrenatural, nas almas que se recusam a abandonar esse universo e atormentam
quem se atreve a navegar em seu território.
Novos
personagens são incluídos ao cânone da obra. Todos tão bem construídos e
utilizados – com um merecido destaque para as personagens femininas - que abrem
largamente a possibilidade de serem usados em aventuras futuras se o autor
assim preferir. Pano para a manga com certeza ele tem.
Algumas
outras mudanças são bem evidentes e eu diria até necessárias para a evolução da
saga. Locke está mais amadurecido e busca por si só sua independência de Jean, enquanto
Jean procura trilhar por conta própria um destino só seu e sair da sombra do
Espinho de Camorr. Mas ele sabe que nunca será completamente capaz de abandonar
Locke, e isso é um dos melhores pontos de toda a narrativa: as idas e vidas
dessa amizade tão cativante. Tudo isso enquanto alguns mistérios persistem sem
uma explicação final, e novos despontam para o próximo volume da saga.
Em
resumo: não coloco Mares de Sangue na
minha lista de “Melhores do Ano” apenas por dois motivos: não ocupar dois
espaços da lista com o mesmo autor, e pelo elemento surpresa que veio em As Mentiras de Locke Lamora – pois nesse
segundo volume eu já sabia que viria uma fantasia de qualidade e com uma
criatividade magnífica. Mas não há como negar que a Editora Arqueiro acertou em
cheio ao trazer as obras de Scott Lynch para o deleite dos leitores
brasileiros.
Romance,
violência, um humor canastrão primorosamente elaborado, uma linguagem mais
pesada e chula, que ambienta ainda mais a nova atmosfera na qual os
protagonistas serão imersos, enigmas para serem resolvidos, e muita, mas muita
ação e um final eletrizante e que prende – praticamente gruda – os olhos do
leitor nas últimas cem páginas. Com Mares
de Sangue, Scottt Lynch firma seus pés e torna sua história ainda mais
sólida, assim como seus personagens. Locke e Jean começam a entender que para
sobreviver de verdade em um mundo tão violento, outras habilidades além da
lábia e prestidigitação devem ser aprendidas.
Um
livro excelente, de uma saga excelente, escrita por um autor excelente. Com a
sua desenvoltura, Lynch não convida o leitor para simplesmente ler a história
escrita por ele, não. Ele quer que o leitor tente resolver os enigmas,
adivinhar o futuro, os próximos passos da trama, imaginar a origem dos
mistérios que povoam esse mundo sem nome, mergulhar de cabeça em suas
profundezas, cores e vislumbres.
Recomendo muitíssimo, e que as aventuras de Locke estejam ainda apenas começando.
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Escrita

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