Título Original – Tigana
Autor – Guy Graviel Kay
Páginas – 348
Editora– Saída de Emergência
Sinopse
Numa tentativa de recuperar Tigana, sua terra natal amaldiçoada, o Príncipe Alessan e seus companheiros põem em prática um plano perigoso para unir a Península da Palma contra os reis despóticos Brandin de Ygrath e Alberico de Barbadior.
Brandin é maquiavélico e arrogante, mas encontrou em Dianora alguém à sua altura e está hipnotizado por sua beleza e seu charme. Alberico está cada vez mais consumido pela ambição, cego a todas as ciladas ao seu redor.
Enquanto isso, o grupo de heróis viaja pela Península em busca de alianças que podem virar a batalha a seu favor. Alessan está mais dividido do que nunca, Devin já não é o rapaz ingênuo que era antes, Catriana apenas deseja redenção e Baerd descobre um novo tipo de magia.
Conseguirá Tigana vingar a memória de seus mortos? Ninguém pode prever as perdas que sofrerão nem que fim terá esse embate. Sacrifícios serão feitos, segredos antigos serão revelados e, para que alguns vençam, outros terão obrigatoriamente que cair.
E
mais uma história chega ao seu fim.
Uma
grande jornada pelo resgate de uma memória, de um nome, carregado de
significados, glória e orgulho para todo um povo, se encerra em Tigana – A Voz da vingança. Um final que
conseguiu manter o nível de qualidade da obra, sem desviar dele em nenhum
momento.
Só
para enfatizar: se você ainda não leu o primeiro volume Tigana: A Lâmina na Alma então não leia o resto dessa resenha.
Originalmente,
esse livro foi publicado em um único volume, sendo posteriormente dividido em
dois somente nas edições brasileira e portuguesa, sendo esse segundo uma
continuação imediata do primeiro, ou seja, não são histórias, de forma alguma,
independentes.
A
vingança de Alessan se concretiza e ganha mais forma a cada dia, e a medida que
seus planos avançam, ele vê novos acontecimentos forçando sua índole a encarar questionamentos
até então ignorados: até onde ir por Tigana? O que pode e o que não se pode pôr
em jogo nessa vingança?
Alessan
é o líder – não só de um grupo de heróis, mas de um povo disperso e obliterado –
e ele não vê mais uma zona limítrofe para as suas ações: agora, vale qualquer
coisa. E esse é um dos principais conflitos que ganham seu devido destaque
nesse segundo volume.
Bem
antes das lâminas das espadas começarem a cortar e perfurar corpos em
confrontos mortais na guerra, o autor mostra como os seus personagens são
divididos e profundos. Cada um apresenta seus próprios objetivos em meio ao
objetivo principal, e isso resulta em uma das principais características dessa
obra: o desenvolvimento primoroso de todos os personagens. E isso é mais evidenciado
nessa segunda parte da história.
Devin
sempre se sentiu pequeno, apesar do seu talento para a música. Mas Alessan lhe
mostrou algo pelo qual ele pode lutar, se tornar grande e notável, e é a essa
promessa que ele se atrela ferozmente, disposto a endurecer seus sentimentos e valores
para cumprir seu papel da melhor forma, tentando se acostumar com a violência
real e visceral na qual foi impelido quando se envolveu em toda a trama, e a
qual o seu passado evoca.
Catriana
busca quitar a dívida gerada por seu pai as margens do Rio Deisa, e para isso
ela está disposta a se arriscar extremamente e começar a guerra definitiva por
conta própria. Uma atitude impensada, mas alçada em motivações honrosas. Baerd
após uma experiência mística, tem um amadurecimento notável, mesmo ficando um
pouco ofuscado pela sua busca por Diadora.
Sandre
é um personagem que transborda as páginas do livro, e acaba por se tornar um
exemplo que se pode levar para a vida. Apesar das tragédias que o arrebataram
no primeiro volume, podemos notar que ele é um porto seguro para todos, que sua
esperança e lealdade permaneceram intocadas. Erlein é sem dúvidas a maior das
surpresas. Para ser sincero, não esperava que ele (constantemente sob a máscara
da desconfiança e mau humor) se mostraria tão aderente a causa, e ligado aos
seus companheiros.
Diadora
e Brandin protagonizam uma história de amor inesquecível. Não por momentos
melosos ou declarações de amor infantis, não. A história deles é triste, carregada de um
sentimentalismo real, de uma dualidade tão palpável que se torna angustiante e as
ações tomadas por cada um se torna imprevisível. Vale mencionar a cena onde
Brandin toma uma decisão que pode mudar todo o curso da história. Simplesmente belíssima
e tocante. Os dois personagens ali, com suas almas e sentimentos totalmente
desnudos, se revelando um para o outro definitivamente.
A
obra de Graviel Kay tem aquele tipo de narrativa mais elaborada, que exige mais
do leitor e explora magistralmente os sentimentos, o passado e o resultado das
ações tomadas nele se refletindo no presente dos personagens. A narrativa pode
não agradar a todos os leitores de fantasia contemporânea, já habituados com
leituras mais frenéticas, isso – caso venha a acontecer – é absolutamente
normal, visto que Tigana não foi escrito para se enquadrar nos moldes da
fantasia atual.
A
edição da Saída de Emergência é basicamente a mesma do volume anterior. Boa diagramação,
papel de ótima qualidade e, desta vez, como mais alguns mapas detalhando a ilha
de Chiara e do Santuário de Eanna das luzes. Mas continuo a bater na mesma
tecla: a capa poderia ter recebido uma bela ilustração de alguma suntuosa
cidade da Palma...
Tigana é uma obra que deve ser lida por qualquer
fã de fantasia. A Voz da Vingança é
um final arrebatador e perfeito em seu papel. A Península da Palma dificilmente
será esquecida, assim como a bela escrita, o ótimo enredo e os marcantes personagens
criados por Guy Graviel Kay. Mas faço questão de repetir: não espere nada
dentro da forma comercial que temos na fantasia de hoje! Tigana passa bem longe dela, nem sequer a toca, e isso faz deste
livro uma obra única, uma fantasia um tanto poética, que emana uma beleza
cativante como as músicas de flautas e harpas descritas nas linhas dessa
incrível história.
Obra Recomendadíssima.
História

Escrita

Revisão

Escrita

Revisão

Diagramação


Capa


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