Resenha: "Código Fonte" e "A Maldição das Borboletas Negras" - Revista Trasgo - Café & Espadas

10 de junho de 2014

Resenha: "Código Fonte" e "A Maldição das Borboletas Negras" - Revista Trasgo

O que é a revista Trasgo?

Já falamos sobre ela aqui no blog, mas não custa nada relembrar, não é?

A Trasgo é uma revista de contos de ficção científica e fantasia, com o intuito de trazer os melhores contos em língua portuguesa, de autores novos e consagrados.


A revista é em forma de e-book, lançada trimestralmente, com quatro edições por ano. É possível acompanhar as novidades pelo 
Facebook ou Twitter. Ou aqui no Café & Espadas!


Hoje, vamos conhecer mais dois contos pertencentes à segunda edição da Revista Trasgo: Código Fonte, escrito por George Amaral, e A Maldição da Borboleta Negra, escrito por Albarus Andreos.

Leia um trecho de Código Fonte:


Deixei o RetrôPub refletindo sobre toda aquela história e decidi  visitar o velho Dr. Gomes para
confirmar seu estado.
Casas de repouso mental eram uma espécie de spa psicológico. Tratamentos agressivos e
confinamento total não eram mai sutilizados há décadas, substituídos por terapias de convívio e estímulo do eu interior.Encontrei  Gomes na frente de um videogame qualquer, interagindo com o cenário que era
projetado ao seu redor. Pulseiras discretas davam aos nervos das mãos e dos braços a sensação de peso e resistência dos objetos, como a arma de raios virtual que ele segurava e apontou para mim quando cheguei  perto. Tudo sumiu quando ele saiu do raio de ação dos sensores.— Cris! — Gomes me reconheceu imediatamente, como Alexandre faria. — Sabia que algum dos meus amigos vi ria me salvar dessa loucura!— Dr. Gomes, fico contente em vê-lo em boa forma.
Apesar da aparência enrugada e a pele cheia de manchas, o cientista parecia disposto e ativo. Tinha apenas setenta anos, afinal.— Eu não sou Gomes! — Gritou.
— Ora, acalme-se! Venha, conte-me o que está havendo.
Sentamos em um banco no meio do jardim, distantes de ouvidos curiosos.
— Eu não sou Gomes, sou seu fi lho, Alexandre.
Este conto traz algumas referências a cultura pop atual (mesmo que referenciando um passado relativamente distante). É ambientado em São Paulo e tem a luta do homem contra a sua condição de mortal como centro de uma trama curta, mas que mostra uma crueldade que não mede limites nem entre os laços humanos mais profundos.

Um experimento científico muito arriscado foi realizado. As consequências tramitam entre o impossível e o devaneio, e os seus envolvidos podem aparentemente tiveram suas mentes trocadas. A partir daí, todas as certezas se dissolvem, e a verdade – como mencionado no conto – acaba se tornando obsoleta em um mundo de mentiras. Código Fonte é uma história curta, ágil e instigante. 


Leia um trecho de A Maldição da Borboleta Negra:

Levantava-se do túmulo para ser temida, e temida famosa, e temida famosa que nãose deixava abater por artifício do homem, fosse de prata ou de mão santificada. Dos santos não receava nada, era filha da noite com o pai  do escorpião. Era chamada de fera e sabia o valor da maldição. Comera já uns tantos e não era mole não! Neta de papa-defunto, vinda da aurora verde-amarela da nação.
Saiu pelo reto do caminho que seguia ao lado do córrego da Santa Luzia, fazenda próspera, cheia de holandês e produtora de lei te branco-amarelinho, que todo dia era recolhido pelo caminhão que levava os tambores para o laticínio, deixando os bichinhos das vacas mortos de fome. Se havia gente ruim assim não precisavam dela para assustar lá por aquelas bandas. A fome era algo a ser respeitado, a ser evitado. Ela mesma tinha muita fome e deveriam temê-la como ao diabo. Decidiu procurar algo mais adiante, praqueles lados da fábrica de fécula, onde se erguiam os três pares de coqueiros altos na entrada.Foi  e no caminho fez sua primeira vítima.

Nesse conto somos transportados para o sertão brasileiro, um lugar povoado de lendas e crendices que inundam o imaginário popular. Jubelina é uma assombração. Uma monstra, ou uma aparição como se diz... Fruto de uma terrível maldição que cerca não só a localidade onde ela brota, mas também toda a pequena comunidade local, que é repleta de segredos nefastos.

A linguagem utilizada pelo autor é bem enraizada no linguajar sertanejo, e isso dá um toque bem brasileiresco para o conto em si, narrando de uma forma bem visceral a realidade violenta de uma região tão sofrida do nosso país. Vale a pena conferir essa história.


Sobre os autores:

George Amaral é paulistano, formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade de São Paulo e em Roteiro Audiovisual pela PUCSP. Cursou Design Gráfico e da Imagem na Escola Panamericana de Arte e História em Quadrinhos na Quanta Academia de Arte. Atua como gerente de marketing, consultor de arte para editoras, ilustrador de livros infantis e escritor de literatura e roteiros. É fundador do Gonf Studio, voltado para design, ilustração e projetos criativos. 

Albarus Andreos é paulista, engenheiro mecânico, escritor de literatura fantástica, pós graduado em Língua Portuguesa voltada a formação de Leitores. Vencedor do Concurso de Contos da UNIMEP de 2009. Autor do romance A Fome de Íbus - Livro do Dentes de Sabre. Participou com contos em diversas antologias. É resenhista de literatura fantástica no blog Menina da Bahia (http:/ /meninadabahia.com.br /) e colaborador do site homoliteratus.com

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