Conversas de Taberna - Grandes Autoras de Ficção Científica - Café & Espadas

31 de maio de 2014

Conversas de Taberna - Grandes Autoras de Ficção Científica



Olá amigos do Café & Espadas! Sejam bem vindos a mais um Conversas de Taberna. 

Hoje iremos falar de um tema que deriva de outro que ultimamente vem sempre sendo o centro de nosso texto aqui nessa coluna: a ficção científica. Mas o destaque para esse gênero é merecido e totalmente compreensivo.


A ficção científica é rica – claro, quando sabemos o que ler – diversa, mesmo quando recorre para um assunto já abordado anteriormente por outras obras. Se o autor for talentoso (algo que tem de sobra nesse campo da literatura) o determinado assunto irá ganhar uma nova roupagem, sendo explanado e incorporado a narrativas diferentes e que irão mesclar a tudo isso suas ideias de futuro, tecnologia e, principalmente, suas perspectivas sociais e os destinos possíveis do comportamento humano.

Outra característica que é muito perceptível – para não dizer constante - na sci-fi é o quase absoluto domínio masculino no quadro de autores desse gênero.

Ah, antes que reclamem, não é sexismo. Basta uma pesquisa rápida e você confirmará isso que estou dizendo. Mas isso significa que não há autoras na ficção científica? Claro que não!

A ficção científica possui sim suas autoras, e elas fizeram grandes e importantíssimas contribuições com obras incríveis e brilhantes que atendem todos os requisitos necessários para que uma história ingresse no hall de obras primas. Vamos conhecer algumas delas e suas principais obras.

Ursula K. Le Guin

Ursula é norte americana e além de ficção científica escreve também romances de fantasia, além de poemas, contos e ensaios. Seus escritos começaram a ser publicados na década de 60, agregando temas ácidos e polêmicos como o anarquismo e o feminismo.

Podemos considerar A Mão Esquerda da Escuridão como o seu livro mais marcante e progressista, sendo este premiado com os prêmios Hugo e Nebula.

A ideia central da obra é inquietante: como seria uma sociedade onde os humanos possuem a capacidade de mudarem de sexo quando quiserem? É por meio dessa experiência mental que Le Guin no leva para uma sociedade subtraída de gênero, onde o que resta é o mais cru material humano.

Outras obras de sua autoria são Lavinia (2009) e as séries Ciclo de Terramar e Ciclo de Hainish.

Madeleine L’Engle

“Uma linha reta não é a menor distância entre dois pontos...”. E essa é a essência de um dos livros mais aclamados da ficção científica: Uma Dobra no Tempo.

Apesar do seu teor um tanto infantil, o livro foi premiado em 1963 com o prêmio Newbery Award, e trazia elementos de física quântica que sempre são intrigantes, como as viagens em dobras temporais pelo universo.

A obra de Madeleine é uma excelente porta de acesso para os novos leitores, e todo bom leitor de ficção científica, independentemente de sua idade, deve ser apresentado a ela.

Outras obras da autora são as séries Katherine Forrester e Chronos.

Margaret Atwood

Vamos falar de distopia agora. Mas distopia decente e que vale a pena ser lida.

O Conto de Aia é a magnum opus de Margaret Atwood, escritora canadense nascida em 1939 que também escreveu poemas e ensaios, além dos seus romances de ficção científica de teor feminista.

Esse livro foi publicado em 1985 e como se passa em um futuro onde já não há mais Estados Unidos, e sim a República de Gilead, que é governada por um regime teocrático totalitário cristão. A sociedade foi dividida em castas onde cada indivíduo executa a função inerente a sua classe, e nada mais além disso. Offred, a protagonista, pertence a casta das concubinas, cuja função é fornecer meios de procriação para os indivíduos das classes superiores.

Ao longo da narrativa, feita em primeira pessoa, temos a descrição do choque entre a sociedade patriarcal de Gilead e a liberdade da mulher. A luta feminista séria, erguendo o seu punho para quebrar a crosta das imposições e condicionamentos sociais por meio da invariante distópica: a suposta fragilidade da figura da mulher ante a soberania e o poderio do sistema de governo.

Outras obras da autora são Oryx and Crake, Alias Grace, The Handmaid's Tale e Surfacing.

Alice Mary Norton

Essa escritora estadunidense viveu entre 17 de fevereiro de 1912 e 17 de março de 2005 e publicou a maioria de suas obras sob o pseudônimo “Andre Norton”.

Seu primeiro livro foi lançado em 1934, e sua obra transita entre a ficção científica e a fantasia.

Ela começou a escrever quando estudava na Collingwood High School, em Cleveland, sob a supervisão e orientação de um professor de literatura. Ela era editora das páginas literárias dos jornais da escola. Durante esse período, ela escreveu seu primeiro livro.

Entre suas principais obras podemos citar a série Mundo Witch e a trilogia Gryphon.


Mary Shelley

Como já mencionei em um outro texto aqui no Conversa de Taberna (Origem da Ficção Científica), Frankenstein é considerada uma das obras primordiais da ficção científica.

Ainda hoje o romance da autora Mary Shelley é amplamente usado como base para outros romances e filmes. Logo se torna desnecessário dimensionar a importância da obra de Mary para toda a sci-fi que temos hoje.

Britânica, viveu entre 30 de agosto de 1797 e 1 de fevereiro de 1851, escreveu também contos, biografias, ensaios e textos para peças teatrais.




Listei algumas que, na minha opinião bem particular, tiveram uma contribuição muito notável e vital para esse gênero que rende obras de qualidade tão apuradas.

O que podemos notar é que as autoras, em boa parte, sempre transmitem em suas obras análises que ilustram as dificuldades enfrentadas por elas na sociedade de suas respectivas épocas. E essas são obras que valem a pena e devem ser lidas.

Conhece outra grande escritora de ficção científica que não está presente nesta lista? Deixe seu comentário com a sua opinião e incremente o conteúdo do nosso Conversas de hoje.

Até a próxima!

2 comentários:

  1. Tópico muito bom. O "Frankenstein ou o Prometeu Moderno" de Mary Shelley é realmente fantástico. Não gostei de "A mão esquerda da escuridão" de Ursula Le Guin. A ideia central da obra é bem interessante, mas o desenvolvimento deixa muito a desejar como narrativa. Uma autora bem interessante é a Marion Zimmer Bradley, mais conhecida pela série de livros "As Brumas de Avalon", a qual narra as lendas arturianas sob a perspectiva feminina, na visão da Morgana. Ela também escreveu ficção científica, sendo a sua séria Darkover bem conhecida, esta, infelizmente, não li, sendo um pouco difícil de encontrar no mercado nacional, tem-se que procurar em sebos.

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    1. Que bom que você gostou Jean! =)

      Ainda não cheguei a ler "As Brumas de Avalon" , mas conheço a fama da autora e fiquei curioso quanto ao "Darkover".
      E você deu uma boa ideia para um dos próximos Conversas de Taberna: "Autoras de Fantasia" rsrs
      Obrigado! =)
      Vou partir na caçada a esses títulos que você mencionou, rumo aos sebos!

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