Olá amigos do Café &
Espadas! Sejam bem vindos a mais um Conversas de Taberna.
Hoje iremos falar de um tema
que deriva de outro que ultimamente vem sempre sendo o centro de nosso texto
aqui nessa coluna: a ficção científica. Mas o destaque para esse gênero é
merecido e totalmente compreensivo.

A ficção científica é rica –
claro, quando sabemos o que ler – diversa, mesmo quando recorre para um assunto
já abordado anteriormente por outras obras. Se o autor for talentoso (algo que
tem de sobra nesse campo da literatura) o determinado assunto irá ganhar uma
nova roupagem, sendo explanado e incorporado a narrativas diferentes e que irão
mesclar a tudo isso suas ideias de futuro, tecnologia e, principalmente, suas
perspectivas sociais e os destinos possíveis do comportamento humano.
Outra característica que é
muito perceptível – para não dizer constante - na sci-fi é o quase absoluto domínio masculino no quadro de autores
desse gênero.
Ah, antes que reclamem, não é
sexismo. Basta uma pesquisa rápida e você confirmará isso que estou dizendo.
Mas isso significa que não há autoras na ficção científica? Claro que não!
A ficção científica possui sim
suas autoras, e elas fizeram grandes e importantíssimas contribuições com obras
incríveis e brilhantes que atendem todos os requisitos necessários para que uma
história ingresse no hall de obras primas. Vamos conhecer algumas delas e suas
principais obras.
Ursula K. Le Guin
Ursula é norte americana e
além de ficção científica escreve também romances de fantasia, além de poemas,
contos e ensaios. Seus escritos começaram a ser publicados na década de 60,
agregando temas ácidos e polêmicos como o anarquismo e o feminismo.
Podemos considerar A Mão Esquerda da Escuridão como o seu
livro mais marcante e progressista, sendo este premiado com os prêmios Hugo e Nebula.
A ideia central da obra é
inquietante: como seria uma sociedade onde os humanos possuem a capacidade de
mudarem de sexo quando quiserem? É por meio dessa experiência mental que Le
Guin no leva para uma sociedade subtraída de gênero, onde o que resta é o mais
cru material humano.
Outras obras de sua autoria
são Lavinia (2009) e as séries Ciclo de Terramar e Ciclo de Hainish.
Madeleine
L’Engle

Apesar do seu teor um tanto
infantil, o livro foi premiado em 1963 com o prêmio Newbery Award, e trazia elementos de física quântica que sempre são
intrigantes, como as viagens em dobras temporais pelo universo.
A obra de Madeleine é uma
excelente porta de acesso para os novos leitores, e todo bom leitor de ficção
científica, independentemente de sua idade, deve ser apresentado a ela.
Outras obras da autora são as
séries Katherine Forrester e Chronos.
Margaret Atwood
Vamos falar de distopia agora.
Mas distopia decente e que vale a pena ser lida.
O Conto de Aia é a magnum
opus de Margaret Atwood, escritora canadense nascida em 1939 que também
escreveu poemas e ensaios, além dos seus romances de ficção científica de teor
feminista.
Esse livro foi publicado em
1985 e como se passa em um futuro onde já não há mais Estados Unidos, e sim a
República de Gilead, que é governada por um regime teocrático totalitário
cristão. A sociedade foi dividida em castas onde cada indivíduo executa a
função inerente a sua classe, e nada mais além disso. Offred, a protagonista,
pertence a casta das concubinas, cuja função é fornecer meios de procriação
para os indivíduos das classes superiores.
Ao longo da narrativa, feita
em primeira pessoa, temos a descrição do choque entre a sociedade patriarcal de
Gilead e a liberdade da mulher. A luta feminista séria, erguendo o seu punho
para quebrar a crosta das imposições e condicionamentos sociais por meio da
invariante distópica: a suposta fragilidade da figura da mulher ante a
soberania e o poderio do sistema de governo.
Outras obras da autora são Oryx and Crake, Alias Grace, The Handmaid's Tale e Surfacing.
Alice Mary Norton
Essa escritora estadunidense
viveu entre 17 de fevereiro de 1912 e 17 de março de 2005 e publicou a maioria
de suas obras sob o pseudônimo “Andre Norton”.
Seu primeiro livro foi lançado
em 1934, e sua obra transita entre a ficção científica e a fantasia.
Ela começou a escrever quando
estudava na Collingwood High School,
em Cleveland, sob a supervisão e orientação de um professor de literatura. Ela
era editora das páginas literárias dos jornais da escola. Durante esse período,
ela escreveu seu primeiro livro.
Entre suas principais obras
podemos citar a série Mundo Witch e a
trilogia Gryphon.
Mary Shelley
Como já mencionei em um outro
texto aqui no Conversa de Taberna
(Origem da Ficção Científica), Frankenstein
é considerada uma das obras primordiais da ficção científica.
Ainda hoje o romance da autora
Mary Shelley é amplamente usado como base para outros romances e filmes. Logo se
torna desnecessário dimensionar a importância da obra de Mary para toda a sci-fi que temos hoje.
Britânica, viveu entre 30 de
agosto de 1797 e 1 de fevereiro de 1851, escreveu também contos, biografias,
ensaios e textos para peças teatrais.
Listei algumas que, na minha
opinião bem particular, tiveram uma contribuição muito notável e vital para
esse gênero que rende obras de qualidade tão apuradas.
O que podemos notar é que as
autoras, em boa parte, sempre transmitem em suas obras análises que ilustram as
dificuldades enfrentadas por elas na sociedade de suas respectivas épocas. E
essas são obras que valem a pena e devem ser lidas.
Conhece outra grande escritora
de ficção científica que não está presente nesta lista? Deixe seu comentário
com a sua opinião e incremente o conteúdo do nosso Conversas de hoje.
Até a próxima!
Tópico muito bom. O "Frankenstein ou o Prometeu Moderno" de Mary Shelley é realmente fantástico. Não gostei de "A mão esquerda da escuridão" de Ursula Le Guin. A ideia central da obra é bem interessante, mas o desenvolvimento deixa muito a desejar como narrativa. Uma autora bem interessante é a Marion Zimmer Bradley, mais conhecida pela série de livros "As Brumas de Avalon", a qual narra as lendas arturianas sob a perspectiva feminina, na visão da Morgana. Ela também escreveu ficção científica, sendo a sua séria Darkover bem conhecida, esta, infelizmente, não li, sendo um pouco difícil de encontrar no mercado nacional, tem-se que procurar em sebos.
ResponderExcluirQue bom que você gostou Jean! =)
ExcluirAinda não cheguei a ler "As Brumas de Avalon" , mas conheço a fama da autora e fiquei curioso quanto ao "Darkover".
E você deu uma boa ideia para um dos próximos Conversas de Taberna: "Autoras de Fantasia" rsrs
Obrigado! =)
Vou partir na caçada a esses títulos que você mencionou, rumo aos sebos!