Saudações amigos do Café &
Espadas!
Na semana passada começamos uma
série de textos para os curiosos sobre um dos gêneros temáticos do nosso blog:
a ficção científica.
Nessa primeira parte tivemos
uma rápida definição da própria ficção científica em si e falamos um poucos
também sobre as suas origens. Hoje, vamos dar continuidade mas dessa vez vindo
para a nossa produção literária dentro desse gênero. E no Brasil? Quais foram
as primeiras obras consideradas de ficção científica e quem eram seus autores?
E as quantas ela anda nos nosso dias?
Origem da Ficção Científica Brasileira
Enquanto lá fora algumas obras
já tinham várias nuances das principais características desse gênero desde 1719
(Robison Crusoede Daniel Defoe) e o
termo “ficção científica” ter sido usado pela primeira vez em 1851, aqui no
Brasil tivemos algumas poucas obras publicadas ainda no século XIX que
apresentam algumas similaridades, como O
Alienista de Machado de Assis e todo o universo criado por Monteiro Lobato
em Sítio do Pica-Pau Amarelo. Mas a
ficção científica ganhou o seu primeiro grande nome e especialista somente no
começo do século XX, e ele era Jerônymo Monteiro.
O jornalista é considerado o
primeiro escritor de ficção científica nacional e um dos grandes percursores do
gênero. Além de escrever diversas obras, fundou a Sociedade Brasileira de
Ficção Científica em 1964, foi editor da edição brasileira da revista americana
The Magazine of Fantasy & Science
Fiction, que aqui ficou conhecida como Magazine de Ficção Científica, e em
1990 a Isaac Asimov Magazine criou o “Prêmio Jerônymo Monteiro” em homenagem ao
escritor. Também trabalhou na famosa Editora Abril e criou uma das primeira
séries radiofônicas de ação transmitidas no Brasil, As Aventuras de Dick Peter, em 1937.
Dentre as obras escritas por
Jerônymo, podemos citar Três Meses no
Século 81, A Cidade Perdida, Fuga para parte alguma e Os Visitantes do Espaço. Ele faleceu em
1970, mas deixou um grande legado que impulsionou outros grandes escritores, e
foi nessa época (anos 60 e 70) que começaram as chamadas “ondas” da ficção
científica aqui na Terra Brasilis.
As Ondas brasileiras da Ficção Científica
-
Geração GRD (primeira onda)
Começou com a publicação de
uma coleção de livros do escritor Gumercindo Rocha Dorea (daí o GRD.) e com o
lançamento de Eles Herdarão a Terra,
de Dinah Silveira de Queiroz.
Com essas obras, outros
autores já consagrados da literatura da época começaram a produzir obras que
atendessem ao gênero e aos leitores, e houve a primeira organização dos autores
nacionais desse campo. Vários grandes autores surgiram ao longo do caminho como
Fausto Cunha, André Carneiro, Guido Wilmar Sassi, Antônio Olinto, Zora Seljan e
Clovis Garcia, que na sua grande maioria, publicavam contos que posteriormente
eram organizados em antologias.
Nessa primeira grande
movimentação literária não podemos deixar de citar os nome de André Carneiroe
Braulio Tavares que foram considerados os melhores prosadores, e também o
jornalista Jorge Luiz Calife que publicou a sua trilogia Padrões de Contato.
Cartaz estrangeiro para o filme Área Q
A Segunda Onda
Trata-se de tudo que foi
produzido pelos autores que mudaram os moldes lançados pela primeira onda,
sendo atuantes até o começo dos anos 90.
O movimento em si girou em
torno de fanzines, e depois migrou para as grandes revistas especializadas no
assunto, como a Isaac Asimov Magazine (publicada entre 1990 e 1993) e a Editora
Ano-Luz(1997-2004). Isso levou a Ficção Científica para o centro de debates
acadêmicos. O estudioso francês Eric Henriett apontou a produção brasileira no
subgênero da História Alternativa como a mais original dessa vertente.
Entre os nomes mais atuantes
na atual geração encontram-se Octavio Aragão, Carlos Orsi, Fábio Fernandes, o
premiado romancista e roteirista Max Mallmann e, talvez o mais bem-sucedido
autor brasileiro dentro do gênero - com livros publicados no Brasil e Portugal
- Gerson Lodi-Ribeiro.
A Terceira Onda
Essa última fase chega até os
nossos dias. Nada mais é do que a mudança dos fanzines para blogs e sites aqui
na internet, e assim como na transição da primeira para a segunda onda, essa
terceira não pode ser considerada uma discípula da segunda.
Nessa Terceira Onda a ficção
científica se atrela mais profundamente a fantasia, e as duas andam lado a lado
nas obras mais recentes, e grandes editoras como Record, Novo Conceito, Aleph,
Devir e o selo Unicórnio da editora Mercuryo reiniciaram os movimentos de
grandes publicações e lançamentos de obras internacionais de grandes autores
como Philip K. Dick que, até então, nunca haviam sido publicadas aqui no
Brasil.
Poucos autores da segunda onda
conseguiram se atualizar e manter suas histórias no embalo dos novatos da
terceira. Podemos citar autores como Octavio Aragão, Gerson Lodi-Ribeiro e
Fábio Fernandes (que publicou seu primeiro romance cyberpunk Os Dias da Peste
em 2009) como alguns que conseguiram a proeza de aderirem adequadamente às
novas mudanças.
Outros autores de destaque
desse período foram John Dekowes, autor de O
planeta de Cristal, O Juízo Final,
Só os Anjos Morrem Cedo, Contos do Navegador e O Enigma da Serpente; Cristina Lasaitis
com coletânea de contos Fábulas do Tempo
e da Eternidade; Hugo Vera que
organizou a coletânea Space Opera -
Odisseias Fantásticas Além da Fronteira Final e autor do romance Revolução em Vera Cruz e Richard
Diegues, autor de CyberBrasiliana.
O que podemos notar é que a
ficção científica produzida no Brasil é rica e diversificada. Mesmo sendo um
movimento muito jovem, com pouco mais de 30 anos, o acervo literário é extenso.
E agora como esse gênero (junto com a fantasia) está em voga, esse volume tende
a aumentar exponencialmente.
Se você nunca leu alguma
dessas obras citadas no texto, procure-as. É sempre bom analisarmos o nível e a
capacidade dos nossos autores e sabemos que na maioria das vezes eles não
decepcionam.
Até a próxima!
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