Resenha: O Pistoleiro - A Torre Negra I - Café & Espadas

20 de março de 2014

Resenha: O Pistoleiro - A Torre Negra I

Título – O Pistoleiro 
Título Original – The Dark Tower I: The Gunslinger 
Autor – Stephen King 
Páginas – 288 
Editora – Ponto de Leitura 


Sinopse



Este livro é o primeiro dos sete volumes de série A Torre Negra, obra mais ambiciosa do escritor Stephen King.

"O Pistoleiro" apresenta ao leitor o fascinante personagem de Roland Deschain, último descendente do clã de Gilead, e derradeiro representante de uma linhagem de implacáveis pistoleiros desaparecida desde que o Mundo Médio onde viviam "seguiu adiante".

Para evitar a completa destruição desse mundo já vazio e moribundo, Roland precisa alcançar a Torre Negra, eixo do qual depende todo o tempo e todo o espaço, e verdadeira obsessão para Roland, seu Cálice Sagrado, sua única razão de viver.

O pistoleiro acredita que um misterioso personagem, a quem se refere como o homem de preto, conhece e pode revelar segredos capazes de ajudá- lo em sua busca pela Torre Negra, e por isso o persegue sem descanso. Pelo caminho, encontra pessoas que pertencem a seu ka-tet - ou seja, cujo destino está irremediavelmente ligado ao seu.

Entre eles estão Alice, uma mulher que Roland encontra na desolada cidade de Tull, e Jake Chambers, um menino que foi transportado para o mundo de Roland depois de morrer em circunstâncias trágicas na Nova York de 1977.


Mas o pistoleiro não conseguirá chegar sozinho ao fim da jornada que lhe foi predestinada. Na verdade, sua aventura se estenderá para outros mundos muito além do Mundo Médio, levando-o a realidades que ele jamais sonhara existir. 


Acho quase impossível algum leitor nunca ter ouvido falar de Stephen King. O autor de grandes obras do terror e suspense como O Iluminado; Carrie, A Estranha; A Dança da Morte entre outros sucessos de vendas e críticas não pode passar batido do conhecimento dos leitores mais vorazes. E esse enorme sucesso é fruto da qualidade de sua escrita e os enredos cativantes e inteligentes, profundamente ambientados no mais puro clima de terror e suspense, povoado por personagens marcantes.

Essa saga (que é considerada a sua magnum opus) não foge desse ambiente. Porém, ele é moderadamente deixado em segundo plano.

A Torre Negra mescla muitos elementos que seriam até improváveis de se ver em uma mesma obra: Faroeste (desertos desoladores, cidades com arquitetura remetentes ao século XIX), drama, fantasia épica (inspirada nas obras do mestre Tolkien somada com alguns elementos do mito do Rei Arthur), ficção científica... Todos estão lá, presentes e com os requintes de suspense e terror típicos do autor e sob a sua escrita magistral.

A saga é dividida em sete volumes: O Pistoleiro, A Escolha dos Três, As Terras Devastadas, Mago e Vidro, Lobos de Calla, A Canção de Susannah e A Torre Negra; levou ao todo 33 anos para ser escrita (a demora se deve, em parte, ao acidente que Stephen sofreu em 1999, o que gerou a sensação de ‘história sem fim’ em muitos fãs) e em 2012 ganhou um novo volume intitulado O Vento pela Fechadura, que preenche algumas lacunas na história em si. Não vou entrar em maiores detalhes nem nesta, nem nas resenhas dos outros volumes da saga, sobre o enredo em si. Mas vamos ao que interessa.

O Pistoleiro narra a saga épica de Roland Deschain (ou Roland de Gilead), um homem solitário que viu o seu mundo ruir e agora parte em busca de um lugar misterioso e lendário conhecido como “Torre Negra”, que ele acredita ser o eixo que sustenta todos os universos e que pode, de alguma forma, “consertar” o seu Mundo Médio. Uma base simples, mas com uma estrutura e desenvolvimento tão complexo, que torna a leitura um pouco difícil, mas ao mesmo tempo muito instigante.

Nesse primeiro volume, em meio a um deserto desolador, matador de homens e devorador de almas, Roland persegue um estranho a quem ele se refere como “O homem de preto”.  Ao longo dessa perseguição, o leitor é levado ao passado de Roland, em como ele se tornou aos poucos o lendário e frio pistoleiro que é, e o porquê de A Torre ser sua obsessão, seu santo graal, sua razão de vida. E se você acha que a origem de Roland vai ser toda destrinchada logo no começo da saga, não se engane. É mais fácil inúmeras perguntas surgirem na sua cabeça. Então se prepare, pois a viagem pelo universo regido pela Torre Negra está só começando.

Mas o que mais marca a narrativa de O Pistoleiro é o clima pesado e a sensação aguda de solidão.

A narrativa é crua, sem muitas voltas, simples e direta. A desolação do protagonista chega a ser angustiante, os mistérios místicos encontrados por ele ao longo da perseguição ao Homem de Preto são muitos, e o autor conduz tudo isso com uma escrita belissimamente adulta, e capaz de prender a atenção em todas as frases, mostrando aos poucos que o Mundo Médio esconde vários segredos e tragédias.

Falando em Mundo Médio. É importante mencionar o quão rico é esse mundo criado pelo autor. Mesmo decadente, ele abriga um passado próspero e uma sociedade que por um tempo viveu o se auge tecnológico em harmonia com as sua cultura e estilo de vida. Há também diversas menções a uma “Língua Superior” muito falada por Roland e usada para definir muitos termos do cotidiano.

Com relação a edição. A que li foi uma edição de bolso bem simples, do selo editorial Ponto de Leitura da editora Objetiva (a qual pertence também o selo editorial Suma das Letras, que publicou a edição mais conhecida e completa, com as capas pretas ilustradas.). A revisão é ótima, assim como a diagramação e a capa. Ponto negativo: capa mole, com um fácil desgaste; mas em livros de bolso isso é muito comum.

Se tem uma qualidade que Stephen King deixa evidente nessa obra é a sua versatilidade. Outras que devem ser ditas são a sua incrível imaginação e a capacidade ímpar de contar histórias com elementos ligados a realidade e a fantasia simultaneamente.

O que posso dizer é que O Pistoleiro é um livro diferente de tudo que já li, e com certeza um dos melhores. Uma leitura lenta, por horas, difícil, mas gratificante; com um protagonista frio, ácido, letal, sem apegos, que não se preocupa em agradar ninguém, nem mesmo o leitor; essa é uma obra que me agradou por completo, totalmente fora dos padrões comercias de hoje.


E a jornada de Roland apenas começou a ser contada. Espero ver os revólveres do pistoleiro rugirem muitas e muitas vezes no cumprimento do seu ka. O Pistoleiro está mais do que recomendado, e que venha A Escolha dos Três.


História
Escrita
Revisão
Diagramação
Capa

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