Resenha: Necrópolis - A Fronteira das Almas - Café & Espadas

21 de fevereiro de 2014

Resenha: Necrópolis - A Fronteira das Almas

Título – Necrópolis 
Autor – Douglas MCT 
Páginas – 296 
Editora – Gutenberg 



“Tudo que tem um começo, tem um fim. E um novo começo.” 


Sinopse

Verne Vipero é um rapaz cético que confronta sua descrença ai descobrir a possibilidade de salvar e resgatar a alma do irmão. Em sua obsessão, ele descobre realidades que se estendem para muito além da nossa, saindo em uma jornada sombria por Necrópolis. 

Aliado a um monge renegado, um ladrão velocista uma mercenária deslumbrante e um homem-pássaro suspeito, Verne viajará por desertos mórbidos, uma cidade de pedra até os confins do mundo, enfrentando duendes, bárbaros e um perigo sobrenatural. 

Em Necrópolis nada é o que parece, e a Fronteira das Almas é o fim da travessia.

Fui apresentado a Necrópolis por acaso.

Até ler a obra, não conhecia o autor, nem nunca tinha visto nenhuma outra obra escrita por ele, até que vi um anúncio sobre o segundo volume dessa série (A Batalha das Feras) e, por se tratar de uma obra de fantasia e ainda por cima escrita por um autor nacional, logo me interessei.

Criei várias expectativas com relação a essa história e realmente não sabia o que esperar depois de ter lido a sinopse. E posso dizer que minhas expectativas foram atendidas em todos os níveis possíveis.

Douglas MCT nos apresenta por meio de sua obra um mundo extenso, complexo, miscigenado de criaturas, denso e sombrio. Muito sombrio. Esse é um traço marcante que fez com que essa história se diferenciasse de outras que já li. As dunas de areia azul, Nyx e Solux se revezando no céu, fazendo dias curtos e noites longas, reinos, com seus reis e príncipes temíveis, cidades feitas de opala, duendes, fadas, lycans, mercenários, bárbaros sanguinários, faunos, ladrões que se ocultam nas sombras, artefatos místicos e perigosos... Tudo que uma boa história de fantasia pede está presente nesse livro, e com uma boa dose de suspense e terror, com descrições precisas e bem incorporadas à narrativa e com todos os seu elementos muito bem interligados.

A história começa quando uma criança, sob posse de um espírito demoníaco, mata alguns familiares e ameaça o resto da sua família. O pai, desesperado, logo convoca um padre da Ordem dos Senhores do Céu (um grupo especial de padres especialistas em exorcismo). No meio do ritual, o padre liberta o espírito do poderoso demônio e salva a criança. O espírito vai para outro círculo do Universo.  Esse prólogo pode parecer um pouco desconexo da história, já que durante boa parte dela o tal demônio não é mais citado, mas ele tem uma importância crucial para o mal que irá se levantar em Necrópolis no futuro.

Passado esse prólogo, a narrativa avança no tempo e vai para Paradizo, uma cidade italiana, onde vive o jovem Verne Vipero. Um órfão que só tem o irmão caçula, Victor Vipero, como família. Criado por uma tutora desde que foi abandonado pelos pais, Verne cresceu ouvindo histórias sobre mundos paralelos à Terra (círculos, oito no total, que formam todo o Universo) e povoados por todo tipo de criatura. Histórias essas contadas pelo ancião de um grupo de ciganos. Verne é um cético. E mesmo sendo fascinado pelos mitos e lendas contados pelo Velho Sanja, todas essas histórias não passam de contos de fadas para ele.

O que ele não esperava era descobrir o quanto estava enganado. E ele descobriu isso da pior forma possível.

Uma pedra misteriosa, de origem até então desconhecida, foi arremessada na catedral abandonada de Paradizo no momento em que Victor, irmão de Verne, e seus amigos brincavam por lá. A pedra tinha um aspecto incomum, era negra e exalava uma fumaça roxa. Logo todos eles entraram em contato com ela e foram intoxicados pelo efeito maléfico da fumaça, o que fez com Victor e seus amigos tivessem um morte horrenda e trágica, que marcaria a história daquela cidade.

Transtornado, tomado pela solidão e pelo desejo de ter o irmão de volta, Verne não se conforma com a morte prematura do caçula. É aí que surge Elói, um cigano misterioso que oferece a Verne a chance de resgatar a alma de seu irmão, já que a morte dele ocorreu no momento inadequado.

Nesse ponto da história é notada a presença dos AIs (amigos imaginários), que são como projeções da alma das crianças, e se manifestam até uma determinada história. Essa foi uma das coisas que não gostei na história, e não captei o real propósito deles, o que rendeu alguns diálogos chatos entre os personagens e seus respectivos AIs.

Em seguida, Elói mostra não ser o que aparenta, e revela a sua origem verdadeira: Necrópolis. E é para lá que Verne deve ir, se quiser ter a chance de lutar pela alma de Victor.

A narrativa do livro é fluida, de fácil assimilação, e logo somos apresentados aos outros personagens, de igual importância para a narrativa: Simas Tales, o ladrão veloz, beberrão e amaldiçoado; a mercenária, bela e sensual, Karolina Kirsannoff e um corujeiro (homem-pássaro) chamado Ícaro Zíngaro, que tem um passado nebuloso.





Em Necrópolis não temos só uma aventura narrada em terceira pessoa, com personagens que só matam, se ferem, e dão continuidade aos eventos programados. A construção dos personagens (principalmente de Verne) é rica em detalhes, e logo a sua busca se torna uma obsessão, um Santo Graal a ser alcançado custe o que custar, e nada mais importa, mesmo que tudo resulte na sua própria destruição. O ceticismo é desfeito aos poucos, e cada um dos outros personagens apresentam suas dualidades, também muito bem exploradas ao longo da narrativa.

A edição é ótima. Contém alguns erros de revisão, mas nada muito comprometedor. A obra é dividida em três partes (fora o prólogo) e está bem revisada, diagramada, com uma capa agradável, um mapa bem detalhado de toda Necrópolis e um glossário no final do livro, com todos os termos, criaturas e lugares citados na história. Há também um prólogo do segundo livro, que promete ser uma continuação digna desse primeiro volume.

Necrópolis é um livro pra quem quer uma aventura fantástica misturada, de forma bem homogênea, com um terror denso e sangrento. É um livro leve de se ler, sem muita pretensão de ser uma obra complexa. Recomendo a leitura, e mal vejo a hora de ter o segundo volume em mãos.


História

Escrita
Revisão
Diagramação
Capa


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