Autor – Douglas MCT
Páginas – 296
Editora – Gutenberg
“Tudo que tem um começo, tem um fim. E um novo começo.”
Sinopse
Verne Vipero é um rapaz cético que confronta sua descrença ai descobrir a possibilidade de salvar e resgatar a alma do irmão. Em sua obsessão, ele descobre realidades que se estendem para muito além da nossa, saindo em uma jornada sombria por Necrópolis.
Aliado a um monge renegado, um ladrão velocista uma mercenária deslumbrante e um homem-pássaro suspeito, Verne viajará por desertos mórbidos, uma cidade de pedra até os confins do mundo, enfrentando duendes, bárbaros e um perigo sobrenatural.
Em Necrópolis nada é o que parece, e a Fronteira das Almas é o fim da travessia.
Fui
apresentado a Necrópolis por acaso.
Até
ler a obra, não conhecia o autor, nem nunca tinha visto nenhuma outra obra
escrita por ele, até que vi um anúncio sobre o segundo volume dessa série (A Batalha das Feras) e, por se tratar de
uma obra de fantasia e ainda por cima escrita por um autor nacional, logo me
interessei.
Criei
várias expectativas com relação a essa história e realmente não sabia o que
esperar depois de ter lido a sinopse. E posso dizer que minhas expectativas
foram atendidas em todos os níveis possíveis.
Douglas
MCT nos apresenta por meio de sua obra um mundo extenso, complexo, miscigenado
de criaturas, denso e sombrio. Muito sombrio. Esse é um traço marcante que fez
com que essa história se diferenciasse de outras que já li. As dunas de areia
azul, Nyx e Solux se revezando no céu, fazendo dias curtos e noites longas,
reinos, com seus reis e príncipes temíveis, cidades feitas de opala, duendes,
fadas, lycans, mercenários, bárbaros sanguinários, faunos, ladrões que se
ocultam nas sombras, artefatos místicos e perigosos... Tudo que uma boa
história de fantasia pede está presente nesse livro, e com uma boa dose de
suspense e terror, com descrições precisas e bem incorporadas à narrativa e com
todos os seu elementos muito bem interligados.
A
história começa quando uma criança, sob posse de um espírito demoníaco, mata
alguns familiares e ameaça o resto da sua família. O pai, desesperado, logo
convoca um padre da Ordem dos Senhores do Céu (um grupo especial de padres
especialistas em exorcismo). No meio do ritual, o padre liberta o espírito do
poderoso demônio e salva a criança. O espírito vai para outro círculo do
Universo. Esse prólogo pode parecer um
pouco desconexo da história, já que durante boa parte dela o tal demônio não é mais
citado, mas ele tem uma importância crucial para o mal que irá se levantar em
Necrópolis no futuro.
Passado
esse prólogo, a narrativa avança no tempo e vai para Paradizo, uma cidade
italiana, onde vive o jovem Verne Vipero. Um órfão que só tem o irmão caçula,
Victor Vipero, como família. Criado por uma tutora desde que foi abandonado
pelos pais, Verne cresceu ouvindo histórias sobre mundos paralelos à Terra
(círculos, oito no total, que formam todo o Universo) e povoados por todo tipo
de criatura. Histórias essas contadas pelo ancião de um grupo de ciganos. Verne
é um cético. E mesmo sendo fascinado pelos mitos e lendas contados pelo Velho
Sanja, todas essas histórias não passam de contos de fadas para ele.
O
que ele não esperava era descobrir o quanto estava enganado. E ele descobriu
isso da pior forma possível.
Uma
pedra misteriosa, de origem até então desconhecida, foi arremessada na catedral
abandonada de Paradizo no momento em que Victor, irmão de Verne, e seus amigos
brincavam por lá. A pedra tinha um aspecto incomum, era negra e exalava uma
fumaça roxa. Logo todos eles entraram em contato com ela e foram intoxicados
pelo efeito maléfico da fumaça, o que fez com Victor e seus amigos tivessem um
morte horrenda e trágica, que marcaria a história daquela cidade.
Transtornado,
tomado pela solidão e pelo desejo de ter o irmão de volta, Verne não se
conforma com a morte prematura do caçula. É aí que surge Elói, um cigano
misterioso que oferece a Verne a chance de resgatar a alma de seu irmão, já que
a morte dele ocorreu no momento inadequado.
Nesse
ponto da história é notada a presença dos AIs (amigos imaginários), que são
como projeções da alma das crianças, e se manifestam até uma determinada
história. Essa foi uma das coisas que não gostei na história, e não captei o
real propósito deles, o que rendeu alguns diálogos chatos entre os personagens
e seus respectivos AIs.
Em
seguida, Elói mostra não ser o que aparenta, e revela a sua origem verdadeira:
Necrópolis. E é para lá que Verne deve ir, se quiser ter a chance de lutar pela
alma de Victor.
A
narrativa do livro é fluida, de fácil assimilação, e logo somos apresentados
aos outros personagens, de igual importância para a narrativa: Simas Tales, o
ladrão veloz, beberrão e amaldiçoado; a mercenária, bela e sensual, Karolina
Kirsannoff e um corujeiro (homem-pássaro) chamado Ícaro Zíngaro, que tem um
passado nebuloso.
Em Necrópolis
não temos só uma aventura narrada em terceira pessoa, com personagens que só
matam, se ferem, e dão continuidade aos eventos programados. A construção dos
personagens (principalmente de Verne) é rica em detalhes, e logo a sua busca se
torna uma obsessão, um Santo Graal a ser alcançado custe o que custar, e nada
mais importa, mesmo que tudo resulte na sua própria destruição. O ceticismo é desfeito
aos poucos, e cada um dos outros personagens apresentam suas dualidades, também
muito bem exploradas ao longo da narrativa.
A
edição é ótima. Contém alguns erros de revisão, mas nada muito comprometedor. A
obra é dividida em três partes (fora o prólogo) e está bem revisada,
diagramada, com uma capa agradável, um mapa bem detalhado de toda Necrópolis e
um glossário no final do livro, com todos os termos, criaturas e lugares
citados na história. Há também um prólogo do segundo livro, que promete ser uma
continuação digna desse primeiro volume.
Necrópolis é um livro pra quem quer uma
aventura fantástica misturada, de forma bem homogênea, com um terror denso e
sangrento. É um livro leve de se ler, sem muita pretensão de ser uma obra
complexa. Recomendo a leitura, e mal vejo a hora de ter o segundo volume em
mãos.

Escrita
História

Escrita

Revisão

Diagramação

Capa

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