Título – As Crônicas Marcianas
Título Original – The Martian Chronicles
Autor – Ray Bradbury
Páginas – 302
Editora – Globo
Sinopse
Título Original – The Martian Chronicles
Autor – Ray Bradbury
Páginas – 302
Editora – Globo
Sinopse
Publicado em 1954, As Crônicas Marcianas é uma antevisão crítica dos paradoxos dos velho desejo humano de conquistar o espaço. Depois que Marte é subjugado e colonizado, passamos a conhecer nossas limitações para a dominação do outro – os marcianos -, e a repetição problemática de nossas próprias contradições.
Ray Bradbury é considerado um
dos mestres da ficção científica, e suas obras figuram entre as de leitura
fundamental para os amantes desse gênero literário. Outras obras
importantíssimas escritas por eles são “451 Fahrenheit” (que espero, um dia,
ter o prazer de ler e resenhar também) e vários contos que foram publicados em
diversas revistas de Sci-Fi da época.
As Crônicas Marcianas trz uma
coletânea de 26 contos que foram organizados de uma forma que eles constroem
uma história contínua e com um tema em comum: Marte. Mas esse livro vai além da aventura, das viagens espaciais e da tecnologia (coisas
que nem são tão focadas assim), e discorre sobre o espírito humano que sempre
irá estar enraizado na sua terra natal, sempre desejando o retorno, à volta ao
lar e a eternidade.
O primeiro conto (O Verão do
Foguete) nos mostra um pouco da vida particular dos marcianos. Ylla, uma
marciana que vive com o seu marido em uma casa no meio de um vale árido, começa
a ter sonhos com um foguete vindo do espaço e pilotado por uma criatura clara e
de olhos azuis (que seria Nathaniel York, o comandante da primeira expedição.).
O marido, um marciano relapso e frio, acha tudo aquilo um absurdo e fica
enciumado quando os sonhos da esposa se tornam mais fortes, ao ponto dela
sussurrar o nome de Nathaniel durante um deles.
Quando o sonho de Ylla se
concretiza, o seu marido vai de encontro aos astronautas e os mata.
Nesse conto introdutório temos
uma boa descrição de como era Marte antes da chegada dos homens; era um lugar
lindo, apesar de muito seco e desértico. As estruturas das casas são de uma arquitetura
e beleza peculiar e usa os elementos do próprio planeta como base, como lava
vulcânica e cristais. Os marcianos também possuem tecnologia suficiente para
criarem armas e veículos.
Tempos depois, chega à Marte a
segunda expedição. Os astronautas logo fazem contato com os marcianos e são
tratados como loucos, pois se acredita que eles são marcianos que projetam suas
loucuras nas mentes das outras pessoas, a ponto de até conseguirem mudar sua
aparência física e criar um foguete no meio do nada. Durante esse conto, o
leitor é jogado de um lado para o outro, como se estivesse em uma repartição
pública tentando resolver algum assunto e dá de cara com uma burocracia que
aparentemente não pode ser resolvida em setor nenhum. São nesses pontos que
podemos notar as críticas (que são inúmeras, feitas durante todo o livro)
feitas por Ray Bradbury à sociedade daquela época, que pode sem nenhum problema
se estender até a de hoje.
O livro segue narrando as
expedições seguintes até a instalação definitiva do homem no planeta vermelho,
e o fim dos marcianos.
Esse livro não é uma ficção
científica comum. Ela é mais profunda. Você não verá descrições detalhadas de
armas e naves (sempre chamadas pelo simples nome de ‘foguetes’), ou terá cenas
de confrontos físicos entre humanos e alienígenas. Não. Mas isso não torna essa
coletânea monótona ou difícil de ler.
Alguns contos são simplesmente
geniais! Tanto pela crítica a sociedade humana em geral, quanto pela narrativa
da própria história e sua linearidade. Vários diálogos são instigantes e
levantam questões intrigantes, como por exemplo: “Afinal, o que é realidade?” (conto
“Os Gafanhotos”). Junto a isso temos a sociedade marciana que representa uma
civilização utópica, que conseguiu unir tecnologia e desenvolvimento a
sustentabilidade do ecossistema do planeta, e que só foi destruída por algo que
eles não podiam enxergar.
Como se trata de vários
contos, o livro não possui um personagem fixo, um protagonista ou antagonista.
O que dá ao leitor diversos pontos de vista e análise dos acontecimentos. Hora
você enxerga como um capitão de foguete, em seguida como um tripulante, depois
como marciano e no conto seguinte como um colono tentando se adaptar ao clima e
o ar rarefeito de Marte.
É muito difícil escolher o
melhor conto, pois todos conseguem deixar o leitor perplexo e maravilhado ao
mesmo tempo. Ray Bradbury mostra por meio da genialidade da sua escrita, o
porquê de ele ser considerado a letra B do ABC da ficção científica (junto com
Asimov e Clarke).
O ponto negativo que deve ser
dito aqui na resenha é com relação à edição (no meu caso, a da editora Globo).
A capa é feia e pouco atrativa, o papel é de baixa qualidade e a colagem com a
capa deixou muito a desejar; descolando muito e quase soltando algumas páginas.
Recomendo a você que, se puder, compre uma edição de outra editora. No mais, o
livro não é muito volumoso e a leitura é simples e rápida, com uma linguagem
bem direta e uma narrativa sem desvios.
Essa obra é para ser lida,
relida e refletida sob um olhar crítico. Mais do que recomendado.
História
Escrita
Revisão
Diagramação
Capa
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