"Era uma árvore em forma
humana. Na verdade, a julgar pelos detalhes, parecia mais uma escultura. Uma
estátua perfeita de madeira. Cabelos e barba reproduzidos com folhas; mãos e
pés feitos com minúsculos ciprestes; dedos de raízes... "
O Senhor do Vento começa, como
quem não quer nada, em uma tarde pueril em algum recanto interiorano. Duas
crianças - Zezinho e Emília - fazem suas traquinagens, enquanto a avó
preocupada grita por eles da varanda da casa enorme, repleta de mistérios e
odores nostálgicos como só um casarão antigo pode ter.
Os netos, profundamente
contrariados, vão para o banho enquanto o jantar é posto à mesa. É nesse
momento que Zezinho é atraído para o “quarto proibido” onde só adultos podem
entrar. Lá ele encontra um cachimbo estranho, ornamentado com desenhos de
pica-paus amarelos, e com um exótico poder de produzir vida...
E subitamente, o conto escrito
pelo autor Gabriel Réquiem se transforma em uma viagem claustrofóbica,
agoniante e sanguinolenta pelas matas do sul do Brasil durante a época da
Guerra do Paraguai.
Gabriel usa uma escrita muito
sintética e objetiva. As largas referências à obra de Monteiro Lobato estão
espalhadas por todo o texto, não como uma fonte de alimentação, mas como um destino
final, um relato que de início perturba a mente impressionável de uma criança,
mas que no fim a ajuda a futuramente criar um dos universos mais belos da
literatura brasileira.
A Revista Bang em sua edição Nº0
acerta na escolha do seu conto inaugural.
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